DEUS CONOSCO 2015
Renovação Carismática Católica - Decanato de Rolândia
Edificar os sonhos: conheça o testemunho de um colaborador da Sede Nacional
A cada etapa, cada conquista, carismáticos de todo o Brasil também são alcançados pelas promessas que Deus fez ao Movimento, a partir da construção da Sede Nacional da Renovação Carismática Católica. São várias as histórias de pessoas que vivem com a RCC a expectativa da Nossa Casa, Nossa Benção. Conheça agora um desses testemunhos, a história de Jéferson Souza, da diocese de Macapá (AM) com a Sede Nacional:
“Em 2010, eu tive a oportunidade de estar no lançamento da pedra fundamental junto com minha noiva e hoje esposa, e a experiência que eu tive naquele momento de lançamento foi ver que todas as promessas que Deus fez para a RCC, de modo especial à sede nacional, isso se ligava a nossa vida pessoal.
Nós também tivemos sonhos: casar, construir a nossa casa e ter uma família. Para quem vai casar, por exemplo, a casa é o principal sonho da construção de uma vida a dois, e naquele encontro em 2010, nós percebemos que aquelas profecias que Deus colocava para a Renovação, referentes à Sede Nacional, era uma profecia que também era para mim, era para nós. Nós assumimos aquelas profecias para as nossas vidas e uma forma de assumir concretamente essa profecia foi nos comprometendo com a colaboração da Sede Nacional; assumindo os carnês e sendo um colaborador.
A cada profecia, a cada moção que o Senhor ia dando de construção e reconstrução se ligavam a nossa vida familiar, a nossa vida sacramental, e também material, porque nós também tínhamos o sonho de construir a nossa casa, nós tínhamos o sonho de ter a nossa vida profissional reconstruída. Nós nos comprometemos assumindo aquelas profecias, vendo que quando Deus falava que reconstruiria a RCC, falava das portas abertas e toda moção pra Sede Nacional, Ele falava para mim, Ele falava para nós e as profecias foram sendo assumidas nesse sentido.
Hoje, nós estamos concluindo mais uma etapa da nossa casa e uma das formas de nós concretamente respondermos a Deus, em gratidão é assumir a nossa missão como colaborador mensal. A gente percebe que foi uma promessa para nós, tanto é que temos símbolos; trouxemos terra da Sede Nacional e colocamos na pedra fundamental da nossa casa, consagramos, dedicamos a nossa casa para que ela seja também um lugar da experiência da vida carismática, do nosso Grupo de Oração, de devoção à Beata Elena Guerra. Hoje nós estamos realizando esse sonho de ter a nossa casa sendo construída, finalizando mais uma etapa e percebemos que é uma promessa de Deus para nós, mas tomada diante de um propósito que foi assumir a Sede Nacional, assumir o compromisso de ser colaborador.
Hoje nós vemos que essa etapa de Deus em nossa vida está se consolidando, olhando para a Sede Nacional, o Senhor dizia ao meu coração que precisava fazer mais. Nós começamos a fazer uma mobilização em nosso Grupo de Oração para que as pessoas do nosso Grupo tomem posse dessa graça, mobilizando novos colaboradores. O pouco que eu pude fazer Deus também vai honrando, mas, eu posso fazer mais, também mobilizando outros irmãos para que primeiro tomem para si uma promessa de Deus que é para nós.
Quando Deus fala que vai restaurar a Renovação Carismática Católica, Ele está dizendo que vai fazer em nós, de modo particular, de maneira pessoal, porque nós somos a RCC. A Sede Nacional materializa essa realização de Deus em nossas vidas. Nós estamos muito felizes por estar realizando esse sonho, que é a construção da nossa casa e da nossa vida familiar, colocando nossa vida a serviço agora de um modo mais concreto para difundir entre nossos irmãos essa moção que a sede nacional é um lugar de promessa de Deus.
A última experiência que eu quero partilhar é que em 2013 quando fizemos uma celebração do ENF lá na Sede e, em um dos momentos faltou energia, na hora da comunhão todo mundo começou a cantar em línguas, houve muitas experiências de oração, foi como se eu estivesse no Cenáculo e pensei assim: - bem, eu acredito que o que eu estou sentindo aqui, nesse lugar foi o que Pedro sentiu quando ele estava no cenáculo.
Vejo a Sede Nacional como meu refúgio, minha casa, meu lar. E como carismático, nós podemos testemunhar que a benção de Deus na nossa vida pessoal, familiar e financeira, precisa desse compromisso honrado, também assumindo a profecia de Deus para a RCC, cuidando, nas nossas possibilidades, da Sede Nacional.
Alguém falou que cada profecia deve ser assumida de forma muito pessoal, exemplo: uma das profecias sobre a Sede Nacional fala da Cruz, a cruz edificada sobre os nossos sonhos. Em nossa casa nós fizemos questão de ter uma cruz, para dizer – ‘Senhor, nós queremos edificar o nosso sonho, da mesma forma que tu queres edificar a nossa casa, a nossa Sede Nacional’.
Se cada carismático assumir para si a profecia, não como uma forma de realização individual, mas, vendo que a promessa de Deus para aquela Sede é para todos nós, sem dúvida nenhuma, os sonhos de Deus se realizarão. O Senhor falava para mim através de um irmão: - ‘Jéferson, Deus sonha contigo os seus sonhos e dentro desses sonhos está também o nosso movimento a nossa vida carismática, a nossa Sede Nacional’. ”
Faça você também essa experiência de ser um semeador da Vida no Espírito, colaborando com os projetos da Sede Nacional, na cidade de Canas (SP). Cadastre-se clique aqui. Você também pode encaminhar os seus dados para o e-mail sedenacional@rccbrasil.org.br ou ligar para o Escritório Nacional da RCCBRASIL no telefone (12) 3151-4155 ou pelo whatsapp (12) 982580024. Entre em contato conosco também pelo atendimento online.
Grupo de Oração: O Carisma da Coordenação
Qua, 02 de setembro de 2015
Jo 15,16: “não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais frutos, e o vosso fruto permaneça.”
O objetivo deste ensino é orientar aqueles que assumem uma coordenação sobre a importância de compreender a cooperação entre a graça e a natureza no ministério de coordenação, e tratar de algumas funções práticas pertinentes ao coordenador.
1- MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO
Coordenação vem da palavra latina cordinatione que significa: “ dispor sobre a certa ordem ou método, organizar o conjunto, pôr em ordem e desconjunto”. É uma “co-operação”, uma ação de co-responsabilidade entre iguais. A coordenação promove união de esforços, de objetivos comuns e de atividades comunitárias, evitando paralelismo, o isolamento na ação evangelizadora.
A coordenação tem por finalidade criar relações, facilitar a participação, comprometer na co-responsabilidade, realizar a interação e tornar eficaz o conjunto da caminhada do Movimento. São se trata de um ministério de privilégios, mas de serviços práticos, objetivos.
A função de coordenar, a princípio, é uma capacidade humana, um talento que pode ser buscado, desenvolvido, aperfeiçoado. O líder será capaz de coordenar de modo louvável determinado grupo de pessoas, conseguindo alcançar os reais objetivos pretendidos.
Existem técnicas e métodos avançados que ensinam de forma eficaz como uma pessoa pode transformar-se em um grande coordenador ou líder. Mas quando se trata de uma ação evangelizadora, é preciso recordar-se que “as técnicas da evangelização são boas, obviamente, mas ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada poderia fazer sem ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E ,ainda, o mais bem elaborados esquemas de base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor” (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, n. 75).
O próprio princípio de Deus, na escolha daqueles que iam dirigir o seu povo, não obedece a critérios humanos.
• I Cor 1, 26-31
• I Cor 1, 26-31
Isto não descarta, obviamente, a colaboração do homem, isto é, o empenho em desenvolver ou aprimorar as suas potencialidades humanas. Porém, diante da realidade espiritual que é um Ministério de Coordenação, não se pode contar apenas com a capacitação humana.
Coordenador (conceito eclesial): pessoa cheia do Espírito Santo e conduzida por Ele, eleita por Deus, mediante confirmação da comunidade, para conduzir uma parcela do povo de Deus, empregando métodos de coordenação segundo carisma do amor.
A missão do coordenador é antes de tudo “divina, por isso para realizá-lo deve estar unidos a Jesus (Jo 15,1-8) e conduzida pelo Espírito Santo.”
2 - O CARISMA DA COORDENAÇÃO
O Senhor disse a Moisés: “Tens todo o meu favor” e “minha face irá contigo, e serei teu guia” (cf. EX 33, 12; 14). Podemos entender o carisma como sendo o “favor” ou “auxílio” dado por Deus para o vocacionado.
Sem o carisma, ficamos impossibilitados de responder à essa vocação. Ele é o “auxílio a nossa fraqueza” (Rm 8, 26) sem o qual nossas razões tornam-se vazias e infrutíferas.
O carisma é o alicerce para o exercício do ministério. A graça em ação = chárisma, que pressupõe a natureza, conforme Santo Agostinho. Trata-se de uma complementaridade entre divino e humano, em vista da missão.
“O carisma da coordenação se manifesta nas ações administrativas realizadas pelos coordenadores. No âmbito do nosso Movimento, ações administrativas são, especialmente: planejamento, organização, direção e pastoreio”.
3 FUNÇÕES DO COORDENADOR
a) Evangelizar
MC 16,15 – “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”.
Conceito de evangelizar = vem de Evangelho: Boa Notícia = evangelizar é anunciar uma Boa Notícia (Is 9,1-6; Lc 24, 1-43).
Podemos definir três espécies de evangelização:
1.Sacerdotal – Palavra celebrada;
2.Régia – Palavra vivida – testemunho (instauração do Reino de Deus no mundo);
3.Profética – Palavra proclamada.
1.Sacerdotal – Palavra celebrada;
2.Régia – Palavra vivida – testemunho (instauração do Reino de Deus no mundo);
3.Profética – Palavra proclamada.
Lembramos que todo o batizado tem as unções sacerdotal, régia e profética.
Evangelizar é a principal função do coordenador. Tudo na coordenação, planejamentos, propostas, projetos, eventos devem ser orientados para a evangelização.
b) Administrar
Latim ad (direção, obediência) e minister (subordinação) = aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que presta serviço a outrem.
Administrar significa ainda o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos.
Elementos da administração:
•Planejamento;
•Organização;
•Direção;
•Execução;
•Controle;
•Avaliação
•Organização;
•Direção;
•Execução;
•Controle;
•Avaliação
c) Pastorear
Jo 10,11: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.
•Busca os irmãos transviados;
•Reanima os desanimados;
•Conduz o rebanho;
•Ouve, ama, orienta, ora;
•Supervisiona os planejamentos e tarefas
•Reanima os desanimados;
•Conduz o rebanho;
•Ouve, ama, orienta, ora;
•Supervisiona os planejamentos e tarefas
d) Liderar
Jo 11,16: “A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: ‘Vamos também nós, para morrermos com ele’”.
•Precede os irmãos na caminhada, primeiro na santidade, no amor, no perdão e no serviço.
•Dá sempre o primeiro passo.
•Não tem subordinados. Ele não dá ordens, mas todos fazem o que ele deseja.
•Transmite segurança, confiança.
•Transmite senso de justiça.
•Sabe que não deve fazer tudo sozinho.
•Dá sempre o primeiro passo.
•Não tem subordinados. Ele não dá ordens, mas todos fazem o que ele deseja.
•Transmite segurança, confiança.
•Transmite senso de justiça.
•Sabe que não deve fazer tudo sozinho.
e) Formar
Lc 11,1-11: “instruções aos discípulos”
•Com exemplo, testemunho de vida;
•Valoriza e promove meios para o crescimento espiritual e humano dos membros do grupo;
•Encaminha os servos do grupo para os encontros específicos de formação de cada ministério;
•Forma novos líderes.
•Com exemplo, testemunho de vida;
•Valoriza e promove meios para o crescimento espiritual e humano dos membros do grupo;
•Encaminha os servos do grupo para os encontros específicos de formação de cada ministério;
•Forma novos líderes.
NEEMIAS
Neemias foi um líder da época do pós-exílio que soube planejar, organizar, motivar e exercer liderança sobre quem vivia em Jerusalém e nas redondezas da cidade. Ele serve como um modelo de coordenador que assume a pratica a liderança com responsabilidade e praticidade. A partir das situações vividas soube:
•Equilibrar o planejamento prático com a confiança em Deus;
•Conviver com as críticas não merecidas;
•Resolver conflitos de personalidade e dificuldades no relacionamento humano;
•Enfrentar sérias pressões financeiras;
•Lidar com líderes antigos e algumas vezes machucados.
•Equilibrar o planejamento prático com a confiança em Deus;
•Conviver com as críticas não merecidas;
•Resolver conflitos de personalidade e dificuldades no relacionamento humano;
•Enfrentar sérias pressões financeiras;
•Lidar com líderes antigos e algumas vezes machucados.
VIVENDO A VIDA NO ESPÍRITO SANTO
Quero fazer o desvelamento do tema partindo do pressuposto que vida
também pode ser sinônimo de tempo. E é justamente o que quero partilhar
com vocês, ou seja, o que o Espírito Santo tem falado ao meu coração
nestes últimos dias. Estamos vivendo o que a própria Igreja nos diz: “Os últimos tempos, que estamos vivendo, são os tempos da efusão do Espírito Santo”
– CIC 2819. É sabido que este tempo é marcado por algumas
características, entre elas o derramamento sobre todo ser vivo, curas,
milagres, prodígios, enfim, tempo das realizações das promessas e que
nós, pregadores, não podemos ficar de fora desse mover do Espírito e,
principalmente, levar tantos a fazer as mesmas experiências. Para que
vivamos com intensidade este momento, penso ser salutar rememorar o que
os bispos disseram à Renovação no documento de La Ceja de 1987 quando os
mesmos elencavam que “A grande fundamentação teológica da Renovação
espiritual carismática está, portanto, no Mistério Trinitário e,
particularmente, no conhecimento progressivo da Pessoa do Espirito Santo
e em sua ação insubstituível e ininterrupta na Igreja e em cada um de
nós” - Pág. 10,18.
Conhecer a pessoa do Espírito, sua ação na Igreja e em cada um de
nós, nos conduz à intimidade com o mesmo. Os profetas no Antigo
Testamento eram conhecidos, ora como homens da Palavra, ora como homens
do Espírito. Não podemos nos dar ao luxo de achar que já O conhecemos,
ou que já vimos de tudo pois como já alertava São Paulo “coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração imaginou tais são os bens que Deus tem preparado”
– I Cor 2,9. Portanto, amados irmãos, quanto mais encharcados da Sua
presença, quanto mais entregues ao Espírito, melhor iremos compreender e
viver este tempo.
Para aprofundarmos um pouco mais é preciso compreender a outra
vertente desse tempo do Espírito. Para isso, mais uma vez, a Igreja nos
ensina “O tempo presente é, segundo o Senhor, o tempo do Espírito e
do Testemunho, mas é ainda um tempo marcado pela ‘tristeza’ e pela
provação do mal, que não poupa a Igreja e inaugura os combates dos
últimos dias. É um tempo de expectativa e de vigília” – CIC 672.
Esta segunda vertente, infelizmente, tem sido o grande obstáculo e o
motivo que tem levado muitos pregadores a esvair-se de seu ministério.
Lembre-se que em Atos 1,8 Jesus deixa claro a propriedade da vinda do
Espírito “Mas recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas”.
Percebam que o fato de pregarmos a Palavra não significa, na íntegra,
que nos tornamos testemunhas. Se analisarmos a teologia do testemunho, o
mesmo também pode ser identificado como martírio, ou seja, confirmar de
algum modo, com palavras, exemplos e, principalmente, no
desenvolvimento da nossa vida, pois, ser testemunha é um caminho, um
crescente no conhecimento e adesão ao Espírito.
É preciso, irmãos, sairmos da escolta do ambão, do microfone, dos
roteiros e da mediocridade de uma vida de oração de conveniência, onde
nos preparamos apenas quando vamos pregar. É preciso, como nos orienta a
Igreja, sermos combatente, pois, “ainda não tendes resistido até o sangue na luta contra o pecado” -
Hebreus 12,4. Deus nos chama a sermos autênticas testemunhas em uma
sociedade cada vez mais vazia e desprovida dos valores evangélicos.
Levantemo-nos para vivermos na íntegra o tempo do Espírito. Marchemos!
Ivan Candido de Moraes
Secretário Geral da RCC/DF e membro do
Núcleo Nacional do Ministério da Pregação.
Núcleo Nacional do Ministério da Pregação.
Rede Nacional de Intercessão: Capacitados para interceder
Os
grandes intercessores da Bíblia nos ensinam que a oração é um combate.
Contra quem? Contra nós mesmos e contra os embustes do Tentador que tudo
faz para desviar o homem da oração, da união com seu Deus... O “combate
espiritual” da vida nova do cristão é inseparável do combate da oração.
O Senhor que arrancou vosso pecado e perdoou vossas faltas está disposto a vos proteger e a vos guardar contra os ardis do Diabo que vos combate, a fim de que o inimigo, que costuma engendrar a falta, não vos surpreenda. Quem se entrega a Deus não teme o Demônio. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Catecismo 2725, 2852)
O Senhor que arrancou vosso pecado e perdoou vossas faltas está disposto a vos proteger e a vos guardar contra os ardis do Diabo que vos combate, a fim de que o inimigo, que costuma engendrar a falta, não vos surpreenda. Quem se entrega a Deus não teme o Demônio. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Catecismo 2725, 2852)
A intercessão como uma das formas de oração, caracteriza-se também por
ser uma batalha espiritual, pois o intercessor entra em combate contra
os inimigos das pessoas e das situações pelas quais ele ora. Quando nos
alistamos no “exército de Deus”, somos capacitados para que conquistemos
mais filhos que estão longe Dele, ou que estejam sofrendo na
“trincheira”.
O intercessor é escolhido, ungido e consagrado pelo Senhor que derrama
seu Espírito Santo. O revestimento da armadura do Cristão (cf. Ef
6,10ss) só encontra sua eficácia na batalha se o intercessor se decidir
em viver conduzido pelo Espírito Santo e em produzir Seus frutos em sua
vida (cf. Gl 7,22ss).
Quando intercedemos, travamos uma batalha, não contra homens de carne e
sangue, mas contra as forças espirituais do mal, portanto devemos estar
preparados espiritualmente, mantendo nossa carne e nosso espírito
submissos e obedientes à vontade de Cristo (cf. 1 Cor 10,5).
A autoridade espiritual é adquirida quando reconhecemos o Soberano
poder de Deus, o Senhorio único de Jesus Cristo e seu precioso Sangue e a
presença e ação do Espírito Santo, nosso defensor, advogado, que ora em
nós e por nós.
Orações descompromissadas e sem o poder e a unção do Espírito Santo não vencem batalhas, portanto, nosso espírito tem que estar vigilante em todos os momentos (cf. Col 4,2-3)
Orações descompromissadas e sem o poder e a unção do Espírito Santo não vencem batalhas, portanto, nosso espírito tem que estar vigilante em todos os momentos (cf. Col 4,2-3)
A oração de intercessão é um combate e é para pessoas que buscam ter
intimidade com o Senhor e vida segundo a Sua Palavra. Elas, assim, vão
adquirindo visão espiritual do campo de batalha (guerras, vícios,
adultérios, doenças, etc). Por isso, o intercessor precisa estar de
sentinela para não cair em tentação, e assim “baixe a guarda para o
inimigo”.
Deve, contudo, se resguardar, pois o inimigo irá buscar suas brechas
para lhe atacar. O intercessor deve então, quebrantar-se, ou seja, pela
ação do Espírito Santo, que vem em auxílio as nossas fraquezas (Rom
8,26), fazer um exame de consciência, e reconhecendo seus pecados, orar,
confessar e jejuar para que o inimigo se veja enfraquecido. O
intercessor deve vigiar e orar sempre para não ficar vulnerável. O lugar
mais protegido do mundo para todo intercessor é a sala do Trono, o
lugar da verdadeira adoração. Quando reconhecemos nosso nada e
permanecemos na presença de Deus, em profunda adoração, o inimigo não
tem condições de nos atingir. Quanto mais buscarmos ter um coração
adorador, mais estaremos nos protegendo das ciladas do inimigo, pois a
redoma de glória que nos envolve não permitirá que suas flechas nos
atinjam.
A batalha espiritual não é para crianças na fé, para soldados
despreparados ou para intercessores inconstantes. A oração de combate é
para intercessores que estejam dispostos e preparados para guerrear.
Voltamos a frisar que a inconstância na vida de oração não vence
batalhas, ao contrário, sempre vamos precisar da ação do Espírito Santo
em nossa vida, pois é Ele quem nos fortalece no Senhor pelo seu soberano
poder (cf. Ef 6,10).
A batalha estará sendo travada sempre quando intercedemos, porém
sabemos que nosso Rei, Senhor e Salvador, já venceu a guerra: “No mundo
haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o Mundo.” (Jo 16, 33b)
Núcleo Nacional do Ministério de Intercessão
Catequese: “Devemos pensar em Deus como a carícia que nos mantém vivos”
Na
manhã desta quarta-feira (26), o Papa Francisco chegou à Praça de São
Pedro no jipe branco aberto para a Audiência Geral, onde encontrou
fiéis e peregrinos que já o aguardavam com muitos cânticos e festa. O
Santo Padre parou várias vezes para cumprimentar e abençoar os
presentes, especialmente as crianças.
Depois da leitura do Evangelho em várias línguas relatando o episódio
de Marta e Maria, o Santo Padre se dirigiu aos presentes, continuando o
ciclo de catequeses sobre a família.
Depois de refletir sobre os aspectos da festa e do trabalho na vida familiar, hoje o Papa falou sobre a oração.
O Santo Padre, embora reconhecendo que nas famílias às vezes há uma
lamentação sincera por não ter tempo para rezar, convidou não só a
rezar, mas a cultivar no coração um amor "quente" por Deus, um amor
afetuoso, e a questionar se pensamos em Deus apenas como alguém que
controla nossas atitudes.
O espírito de oração - disse o Pontífice - se baseia no grande
mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda
tua alma e com todas as tuas forças". A oração é alimentada pelo afeto
por Deus.
E acrescentou que precisamos sentir Deus "como a carícia que nos mantém
vivos e antes, carícia da qual nada, nem mesmo a morte pode nos
separar".
É limitado pensar em Deus apenas como “um grande Ser todo-poderoso, num
Juiz que tudo vê e controla nossas atitudes”. Isso é verdade - disse
ele- mas apenas quando há afeto é compreendido". “Ele pensa em nós e,
sobretudo, nos ama! Não é impressionante?”.
Francisco reiterou a necessidade do afeto por Deus que “acende o fogo
do espírito da oração”, senão, apenas multiplicamos as nossas palavras,
“como fazem os pagãos”.
O Pontífice destacou que um coração possuído pelo afeto por Deus
transforma em oração mesmo um pensamento sem palavras, ou uma invocação
diante de uma imagem sagrada, ou um beijo enviado para uma igreja. “É
bonito quando as mães ensinam aos seus filhos pequeninos a mandar um
beijo a Jesus ou à Virgem Maria” – disse o Papa -.
Ele explicou que o Espírito Santo nos ensina a dizer "Abba”- “Pai",
como dizia Jesus, um modo de rezar que nunca poderíamos encontrar
sozinhos. Um dom - disse ele – que se aprende a pedir na família, com a
mesma naturalidade com que se diz pai ou a mãe.
Embora reconhecendo que as famílias têm pouco tempo, o Papa sublinhou
que o espírito de oração devolve o tempo a Deus, para encontrar a paz
das coisas necessárias, e descobrir a alegria dos dons inesperados.
Referindo-se à leitura do Evangelho de hoje, ele disse que Marta e
Maria aprenderam de Deus a harmonia dos ritmos familiares: a festa, o
trabalho e a oração, e Marta aprendeu que escutar o Senhor era a coisa
realmente essencial.
Assim, Francisco convidou a ler uma passagem do Evangelho todos os dias
e questionou: “Existe esta familiaridade nas nossas famílias? Temos em
casa o Evangelho? O abrimos de vez em quando para lê-lo juntos?
Meditamo-lo recitando o rosário?”. Porque – continuou - é como “um bom
pão que alimenta o coração de todos”.
Por fim, ele partilhou uma coisa que leva no coração e que viu em
muitas cidades: “muitas crianças ainda não aprenderam a fazer o sinal
da cruz”. E pediu: “Mães, pais, ensinem suas crianças a rezar e a fazer o
sinal da Cruz; é um dever muito bonito dos pais!”.
Depois da catequese, Francisco saudou os peregrinos em diversos
idiomas. Em português, ele disse: “Queridos peregrinos de língua
portuguesa, bem-vindos! Saúdo cordialmente os fiéis presentes das
diversas paróquias de Portugal e o grupo dos novos estudantes do Colégio
Pio Brasileiro. O Senhor vos abençoe, para serdes em toda a parte farol
de luz do Evangelho para todos. Possa esta peregrinação fortalecer nos
vossos corações o sentir e o viver com a Igreja. Nossa Senhora acompanhe
e proteja a vós todos e aos vossos entes queridos”.
Fonte: Zenit
Esperando Pentecostes
É categoricamente impossível não perceber como a liturgia pascal vai revelando-nos a Presença do Espírito Santo na vida da Igreja Ressuscitada! Na verdade, é o próprio Divino Espírito que através do Pai e do Filho dá novamente a vida aos homens, mortos pelo pecado, até que ressuscite definitivamente em Cristo os seus corpos mortais (Cf. Rm 8, 10-11). O Espírito Santo é Senhor que dá a vida! O Espírito Santo é Penhor de imortalidade!
O tempo da Igreja tem início justamente com a descida do Espírito Santo em Pentecostes (Cf. At 2). Dali em diante, temos a certeza de que Ele assumiu invisivelmente (mas realmente) a orientação da vida da Igreja e dos cristãos. Sem o Espírito ficaríamos todos eternamente órfãos!
Recordemos um ensinamento importante do Concílio: “Sem dúvida que o Espírito Santo já agia no mundo, antes ainda que Cristo fosse glorificado. Contudo, foi no dia de Pentecostes que Ele desceu sobre os discípulos, para permanecer com eles eternamente (cf. Jo 14, 16)” (Ad Gentes 4).
Na nossa peregrinação terrena, enquanto povo de Deus, durante nossa história pessoal de salvação, precisaremos viver sempre na presença do Espírito Santo, precisaremos sempre estar muito unidos a Ele. Somente diante do Espírito há transformação! O homem abre-se ao perdão e à remissão dos pecados, como testemunham as palavras de Cristo na tarde da Páscoa, somente mediante este encontro com o Espírito Santo! Para este tempo de urgentes mudanças e conversões, necessitamos de uma nova visita, de um novo encontro com o Espírito Santo! E não há tempo melhor do que o Tempo Pascal!
Ao vermos os Evangelhos e o livro dos Atos neste tempo pascal, percebemos o quanto a Presença do Espírito Santo acompanhou o ministério de Jesus. Até a própria teologia hoje afirma que o Espírito Santo, na história da salvação, não é só enviado pelo Filho, mas também para o Filho; o Filho não é somente Aquele que dá o Espírito Santo, mas também Aquele que O recebe! E Jesus, não recebeu o Espírito para si mesmo; na sua humanidade, com efeito, esse Espírito que é Seu, nos é dado Nele e por Ele! Como também nós precisamos da amizade e da companhia do Espírito Santo!
Estás disposto a buscar o Espírito como um sedento e faminto? Deseja ser visitado interior e inteiramente?
Segundo a intuição profética de Elena Guerra, existem quatro condições para recebermos o Espírito Santo: Deseja-Lo e invocá-Lo com fervorosa e perseverante oração; Libertar o coração de todo afeto que não se dirige para Deus; Humilhar-se, reconhecer o nosso nada e a necessidade que temos Dele como Mestre e Prometer-Lhe obediência, preparando-se para fazer e sofrer por tudo que agrada a Deus.
Estejamos unidos a Nossa Senhora para recebermos a graça de uma efusão do Espírito Santo. Como nossos Bispos clamaram em Aparecida, Precisamos de um Novo Pentecostes! Nossa Senhora tem com o Espírito Santo uma relação estreita, absoluta e íntima. Ninguém como Ela foi tão aberta e dócil à Sua ação santificadora. Oremos por um Novo Pentecostes em nosso País, em nossas Arquidioceses, em nossos Grupos de Oração e para toda a Renovação Carismática. Acolhamos o Espírito Santo, celebremos e renovemos o dom de Pentecostes em nós. Traga Ele um novo batismo de luz, fogo, unção, graça, vitória e ressurreição perpétua!
Pe. Eduardo Braga (Pe. Dudu)
Arquidiocese de Niteroi / RJ
Grupo de Oração, comunidade fraterna
Grupos de Oração sem a experiência do Batismo no Espírito Santo, exercício dos carismas e o cultivo da vivência fraterna, revelam uma face desfigurada da RCC. Reflitamos a esse respeito tendo por base o texto de Rogério Soares, para a Revista Renovação, edição nº70, que nos traz, também, um comovente testemunho sobre o que pode acontecer quando um Grupo de Oração vive plenamente sua identidade.
Por
Rogério Soares
Coordenador Estadual da RCC São Paulo
Grupo de Oração Kénosis
Rogério Soares
Coordenador Estadual da RCC São Paulo
Grupo de Oração Kénosis
A identidade carismática é marcada por três elementos essenciais: o batismo no Espírito Santo, o exercício dos carismas e a vida fraterna. Embora existam outros ambientes em que a prática desse conjunto de elementos possa acontecer, o Grupo de Oração é, sem dúvida, um lugar privilegiado para que se viva profundamente tais experiências.
Dizemos “lugar privilegiado” – não exclusivo – pelo fato de que no Grupo de Oração tais experiências emanam “de modo natural” como decorrência da abertura da comunidade reunida à experiência do Espírito. Há na comunidade ali reunida uma fé expectante no agir de Deus que se manifesta por meio do Batismo no Espírito Santo, que derramará seus dons e carismas e possibilitará a experiência de vida fraterna.
Esses três elementos confirmam e autenticam a identidade carismática. Por isso mesmo, o rosto de um Grupo de Oração – comunidade carismática – só pode ser percebido na integração desses três elementos, no mínimo.
Na Renovação Carismática Católica, dois desses elementos estão sempre em relevo: as chamadas experiências de Batismo no Espírito e a prática dos carismas. De fato, esses dois elementos são emblemáticos e não podem ser relegados a um segundo plano ou postos como adornos na vida do Movimento. Isso significaria desfigurar o rosto da RCC, tornando-a dispensável à própria Igreja Católica. Renunciar a esses elementos significaria nossa desfiguração ou deformação do rosto carismático que trazemos por vocação na Igreja.
Ora, o mesmo vale dizer para o elemento “vida fraterna”, que com os outros dois anteriores ajudam a caracterizar a identidade carismática da RCC. Tão imprescindível quanto o batismo no Espírito Santo e a prática dos carismas, a vida fraterna torna-se elemento constitutivo na legitimação de nossa identidade carismática. Ninguém é batizado no Espírito Santo para continuar vivendo no isolamento. Pelo contrário, a experiência do Espírito abre a pessoa à experiência comunitária, no amor de irmãos que, assim como ela, também se descobriram amados por Deus. A pessoa é atraída – não forçada – para uma comunidade, lugar onde poderá exercitar os carismas recebidos, crescendo em “sabedoria e graça” (Lc 2,52).
Grupo de oração, lugar de vida fraterna
O Novo Testamento revela que o grupo dos discípulos de Jesus já mantinha grande convivência mesmo antes de Pentecostes. Desde que foram chamados por Jesus, os discípulos já faziam uma experiência de vida fraterna, assistida e coordenada pelo Mestre. Enquanto aguardavam o cumprimento da promessa (At 1,4), eles permaneciam em Jerusalém, na sala do Cenáculo. Aguardavam como comunidade reunida.
Podemos tirar dessa afirmação ao menos três questões relevantes para nossa reflexão: 1) Pentecostes é uma experiência vivida “na comunidade”; 2) Embora seja na comunidade, a experiência do Espírito é pessoal; 3) Uma consequência constitutiva de Pentecostes é a vida em comunidade.
1) Pentecostes é uma experiência vivida na comunidade
Quando o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes (Cf. At 2), Lucas escreve que “eles estavam reunidos no mesmo lugar” (At 2,1). Alguns dias antes, dois deles haviam se destacado do grupo e caminhavam para fora da cidade quando o próprio Jesus lhes aparecera convidando-os a retornar à cidade e a juntar-se novamente à comunidade, até que fossem revestidos da força do alto (Cf. Lc 24,49). Ora, não foi obra do acaso o fato de o Espírito Santo ter se manifestado quando os discípulos estavam reunidos em comunidade.
A imagem da comunidade reunida aguardando o derramamento do Espírito Santo não nos parece ser a imagem mais próxima daquilo que marca nossos Grupos de Oração? A reunião de oração de um povo que aguarda com “fé expectante” a manifestação poderosa do Espírito é a forma mais autêntica de definir o significado de um Grupo de Oração. O Espírito Santo vem quando eles estão reunidos. A importância de “permanecer reunidos” em comunidade para a concretização da promessa do Consolador (Jo 14, 16) é essencial para o evento Pentecostes.
2) A experiência do Espírito é pessoal
Não obstante ao fato de Pentecostes ser uma experiência comunitária, o texto dos Atos dos Apóstolos sublinha o fato de que as “línguas de fogo pousaram sobre cada um deles” (At 2,3).
Chamamos de “experiência pessoal do Espírito” a realidade que cada um experimenta individualmente quando Deus derrama seu Espírito na comunidade reunida. O Espírito é dado a todos, mas cada um o recebe na medida da abertura de seu próprio coração. Não se trata de uma experiência “de massa”, por indução ou por “contágio”. O Espírito de Deus visita a comunidade e enche a todo que se deixa por Ele ser tocado. O “sim” ao Espírito é fruto da liberdade de cada fiel que se abre à experiência de amor.
Tal experiência individual, no entanto, não mantém o fiel no isolamento ou na indiferença ao irmão. Ao contrário, tanto mais a experiência do Espírito atinge a particularidade de cada pessoa, quanto essa pessoa vai abrindo-se à vida fraterna em comunidade. À medida que se descobre o agir do Espírito na vida interior, aumenta na mesma proporção o grau de aproximação da pessoa com a comunidade. Essa é uma forma de verificação da realidade de Pentecostes na vida do fiel.
É fundamental, portanto, ao Grupo de Oração, que cada um viva sua experiência pessoal do Espírito de forma contínua, pois isso resultará em grande graça para cada participante e para toda a comunidade. Na medida em que “a graça de Deus cresce em nós sem cessar”, vamos tornando-nos expressão dessa mesma graça para nossa comunidade, favorecendo assim nossa vida fraterna.
As divisões dentro de um Grupo de Oração não são frutos de meros impulsos humanos, mas no fundo, da ausência da graça de Deus em nós. O afastamento da vida na graça de Deus poderia tornar-nos insuportáveis uns aos outros. Sem a presença do “amor de Deus derramado em nossos corações” (Rm 5,5) como poderíamos ser chamados de irmãos?
Por isso, faz-se necessário pedir sempre um novo Pentecostes para cada pessoa presente no Grupo de Oração, individualmente.
3) Uma consequência constitutiva de Pentecostes é a vida em comunidade
Chegamos aqui ao ponto central de nosso tema. Pensar o Grupo de Oração como uma comunidade fraterna é tocar na consequência objetiva mais impactante de Pentecostes. Mais desconcertante do que a manifestação miraculosa dos carismas de profecia, cura e pregação na comunidade primitiva, o testemunho de uma comunidade fraterna (frater = irmãos) deixava os concidadãos dos discípulos intrigados. “Vejam como eles se amam”, diziam a respeito daqueles seguidores de Jesus que há pouco recebera o Espírito Santo. Era o cumprimento do mandamento do Senhor: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).
Traduzimos por “comunhão fraterna” o termo grego koinonia. Trata-se da união espiritual dos que se deixaram batizar na mesma fé e que assumiram um projeto de vida comum.
Se antes da vinda do Espírito era possível a comunidade permanecer reunida, agora com o derramamento abundante da graça do Espírito será possível atingir o aperfeiçoamento da vida comunitária. O sonho de viver como irmãos tornar-se-á possível exatamente por auxílio da graça derramada. As disputas ou divisões podem ser superadas, pois “o amor foi derramado nos corações” (Rm 5,5). A partilha não será uma utopia para quem se deixou tocar e conduzir pelo Espírito. “Eles tinham tudo em comum” (At 4,32).
Quando a experiência do Espírito toca-nos profundamente o mais íntimo do coração, somos convencidos de que a comunidade de irmãos (embora ainda repletas de limitações e fragilidades humanas) é um verdadeiro refúgio e fortaleza na luta contra tudo o que há de mal no mundo.
Nesse sentido, o Grupo de Oração é um lugar privilegiado para a experiência fraterna! E para que essa realidade se concretize na vida cotidiana do GO é preciso que cada participante saiba de sua importância, como colaborador do Espírito no aperfeiçoamento da vida fraterna da comunidade.
A atitude de acolher não deve ser delegada a um grupo de pessoas, apenas. Embora exista normalmente um ministério ou equipe de acolhida em nossos Grupos de Oração, a função de acolher ao próximo é papel de todos. Coordenadores, servos e participantes devem se deixar conquistar pela graça do acolhimento, dom próprio do Espírito derramado na vida da comunidade.
A fraternidade não deve existir somente em função de uma necessidade ou situação inusitada. Ela deve ser constitutiva na vida do Grupo de Oração. Acolher com alegria e cuidar uns dos outros é um dos sinais evidentes de Pentecostes.
Um testemunho
Participo de Grupo de Oração há quase 25 anos. Durante esse tempo vivi e continuo vivendo muitas experiências que acabam por deixar marcas profundas em minha história pessoal. Quantas curas miraculosas, vi acontecer pela manifestação de legítimos carismas no meio da comunidade. Quantas pessoas eu vi mudarem de vida depois de terem vivido a experiência de batismo no Espírito Santo. Em minha vida mesmo, quantas mudanças percebi como decorrentes dessa ação do Espírito! Louvo a Deus por tudo o que Ele fez em mim!
Preciso afirmar, entretanto, que as experiências que mais marcaram minha vida e da minha família foram as experiências de vida fraterna no seio do Grupo de Oração.
No ano de 1996, passamos por uma grande dificuldade que atingiu nossa vida financeira. Morávamos de aluguel e recebemos comunicado de despejo, pois estávamos entrando no terceiro mês de atraso no pagamento. Não tínhamos condições de pagar aquele valor e não sabíamos como resolver aquela situação. Eu e minha esposa buscávamos encontrar saídas para aquele episódio de constrangimento e preocupação para com nossos filhos. Rezávamos e íamos com nossos filhos ao Grupo de Oração. Eu e minha esposa fazíamos parte do Ministério de Música e éramos responsáveis pela animação de louvor na reunião de oração. Nossos problemas nunca nos impediram de assumirmos nosso ministério com alegria.
Enquanto apresentávamos por meio da oração esta situação difícil diante de Deus, alguns irmãos do Grupo de Oração ficaram sabendo de nossa situação e naquele momento pude ver a consequência do batismo no Espírito Santo acontecer de forma bastante concreta no testemunho comunitário do meu Grupo de Oração. Fizeram uma coleta entre eles, sem que eu soubesse, e me ajudaram a quitar meus aluguéis atrasados e contas de água e luz. Cuidaram de minha família, como pastores que cuidam de suas ovelhas. Supriram nossas necessidades de alimentos durante cerca de seis meses, até que eu tivesse melhorado minhas condições. Até o material escolar de minhas crianças era providenciado por Deus pela ação fraterna dos membros do Grupo de Oração. Não se tratava de um mero assistencialismo. Percebíamos o amor com que realizavam aquelas ações em nosso favor. Tudo estava acompanhado de profundos momentos de oração em minha casa. A atenção que recebemos naquele momento de fragilidade que minha família passava marcou-nos profundamente.
Entendi através daqueles momentos que o testemunho de partilha e comunhão fraterna das primeiras comunidades cristãs não era uma utopia. Eu vi em minha própria vida esta consequência de Pentecostes. Aquela atitude de acolhida testemunhou e consolidou na comunidade o batismo no Espírito Santo. Eram sinais da Cultura de Pentecostes!
Quantas pessoas podem estar participando de nossos Grupos de Oração e que estão precisando ser acolhidas e cuidadas com mais atenção? Seria justo celebrar durante uma hora e meia ao lado de uma pessoa que se senta ao nosso lado na Igreja, cantando cantos alegres e ouvindo a Palavra de Deus, sem sequer saber o nome e o lugar de onde aquela pessoa vem? E se ela não voltar, quem perceberá sua ausência? Quantos dentre os próprios servos vivem verdadeiras lutas sem poder contar com a ajuda dos irmãos de comunidade...
Devemos continuar com os olhos voltados para o céu, esperando as respostas de Deus, mas precisamos manter também os braços abertos e estendidos para acolher cada um daqueles que foram atraídos ao nosso Grupo de Oração. A experiência de amor vivida em comunidade deixará marcas profundas na vida de todos, sobretudo na vida daqueles que receberem esse amor fraterno.
Peçamos continuamente o batismo no Espírito Santo em nossas reuniões de oração para que a comunidade, repleta dos dons e carismas do Espírito, seja capaz de traduzir tudo isso num autêntico testemunho de vida fraterna.
ABASTECIMENTO GERAL
Venha com seu Grupo de Oração!
Local: Paróquia Nossa Senhora Aparecida, as 7 horas com a Santa Missa.
Presença da coordenadora Diocesana Maria Ivone:
Papa Francisco explica a diferença entre pedir perdão e pedir desculpa
Para pedir perdão a Deus, é preciso seguir o ensinamento do “Pai-Nosso”: arrepender-se com sinceridade dos próprios pecados, sabendo que Deus perdoa sempre. Foi o que afirmou o Papa Francisco na Missa de hoje na Casa Santa Marta.
Deus é onipotente, mas também a sua onipotência de certo modo se detém diante da porta fechada de um coração. Um coração que não pretende perdoar quem o feriu. O Papa se inspirou no Evangelho do dia, em que Jesus explica a Pedro que é preciso perdoar “setenta vezes sete”, que equivale a “sempre”, para reafirmar que o perdão de Deus para nós e nosso perdão aos outros estão estreitamente relacionados.
Francisco explicou que tudo parte de como nós, antes de todos, nos apresentamos a Deus para pedir perdão. O exemplo do Papa é extraído da Leitura do dia, que mostra o Profeta Azarias invocando clemência pelo pecado do seu povo, que está sofrendo, mas também é culpado por ter “abandonado a lei do Senhor”. Azarias, indicou Francisco, não protesta, “não se lamenta diante de Deus” pelos sofrimentos; pelo contrário, reconhece os erros do povo e “se arrepende”.
“Pedir perdão é outra coisa, é diferente de pedir desculpa. Eu erro? Mas me desculpe, errei… Pequei! Não tem nada a ver uma coisa com outra. O pecado não é um simples erro. O pecado é idolatria, é adorar o ídolo, o ídolo do orgulho, da vaidade, do dinheiro, do “eu mesmo, do bem-estar… Tantos ídolos que nós temos. E, por isso, Azarias não pede desculpas: pede perdão”.
O perdão deve ser pedido com sinceridade, com o coração, e de coração deve ser doado a quem cometeu um deslize. Como o patrão da parábola contada por Jesus, que perdoa um grande débito movido pela compaixão diante das súplicas de um dos seus servos. E não como aquele mesmo servo faz com outro servo, tratando-o sem piedade e mandando-o à cadeia, mesmo que a dívida fosse irrisória. A dinâmica do perdão – recordou o Papa – é aquela ensinada por Jesus no “Pai-Nosso”.
“Jesus nos ensina a rezar ao Pai assim: ‘Perdoa os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’. Se eu não sou capaz de perdoar, não sou capaz de pedir perdão. ‘Mas, padre, eu me confesso, vou ao confessionário...’. ‘E o que faz antes de se confessar?’. ‘Mas, eu penso nas coisas que fiz de mal...’. ‘Tudo bem’. ‘Peço perdão ao Senhor e prometo não fazer de novo...’. “Certo. E depois vai até ao sacerdote? Antes, porém, falta algo: perdoou a quem lhe fez mal?”.
Em poucas palavras, Francisco retomou o pensamento: “o perdão que Deus lhe dará” requer “o perdão que você dará aos outros”.
“Este é o discurso que Jesus nos ensina sobre o perdão. Primeiro: pedir perdão não é um simples pedido de desculpas, é ter consciência do pecado, da idolatria que eu perpetrei, das tantas idolatrias. Segundo: Deus sempre perdoa, sempre. Mas pede que eu perdoe. Se eu não perdoo, em um certo modo fecho as portas ao perdão de Deus. ‘Perdoa os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’”.
(Rádio Vaticano)Mãos à obra!
O Livro de Jó é uma preciosa meditação a respeito da condição humana nesta terra, permeada pela pergunta provocante a respeito do mistério do sofrimento. Uma das constatações feitas pelo personagem, em cujo lugar poderíamos estar todos nós, é a rapidez com que corre o tempo e a fragilidade do dia a dia. “Se me deito, penso: Quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente a tarde e me encho de sofrimentos até o anoitecer. Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança” (Jó 7, 4-6). O tempo nos escapa velozmente pelos dedos, pelo que deve ser valorizado e aproveitado adequadamente. Que remédio temos para a correria interna e externa na qual fomos mergulhados? Como dar valor permanente aos frágeis gestos e atitudes que preenchem nosso dia a dia? Como dar sentido novo às agendas de todo tipo que se multiplicam, com os alertas cotidianos para o compromisso que se segue?
Nosso Salvador, Jesus Cristo, entrou nas estruturas humanas e no ritmo de vida da Palestina de seu tempo. Percorreu estradas, lagos e montanhas, encontrou pessoas e se deparou com uma imensa diversidade de situações. Todos foram tocados pela sua presença e ninguém passou em vão ao seu lado. Seu amor redentor consola, reanima, impulsiona. Morto e Ressuscitado, continua presente na Igreja! Basta experimentar o silêncio eloquente do Sacrário. Quantas lágrimas, exclamações, sorrisos e gratidão são desfiados diante de nossos Tabernáculos! Mas vale abrir o Evangelho e verificar como, de forma muito prática, Jesus conseguia trabalhar tanto e estar sempre “inteiro” diante das pessoas, fossem estas as mais pecadoras ou as mais simples, como fez com as crianças.
O Evangelista São Marcos descreve a jornada de Jesus (Cf. Mc 1, 29-39). Deixemos que seja nosso guia, ao acompanharmos o percurso feito pelo Senhor. Pela manhã, vai à Sinagoga, onde liberta um homem do demônio. Traz um “ensinamento novo, e com autoridade”. Em seguida, junto com Tiago e João, é hóspede na casa de Simão e André, onde se achava de cama, com febre, a sogra de Simão. Jesus não perde tempo! Aproxima-se, tomando-a pela mão, levantou-a, a febre a deixou, e ela se pôs a servi-los. Certamente a convivência em torno da mesa terá sido recheada de alegria e gratidão, tempo gasto com os outros! Ao anoitecer, depois do pôr do sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que tinham demônios e a cidade inteira se ajuntou à porta da casa. Curava as pessoas e expulsava os demônios. De madrugada, ainda estava bem escuro, Jesus vai a um lugar deserto para rezar. Quando os discípulos o encontram, abre-lhes novos horizontes de missão, noutros lugares, pelas aldeias da redondeza, para proclamar a Boa Nova. Qualquer pessoa pode confrontar o programa de atividades de Jesus com a própria rotina de trabalho. Para reencontrar o equilíbrio necessário, superando a tentação de superficialidade oferecida pela correria, saibamos acolher as propostas do Senhor.
Faz bem estar radicalmente rompido com a maldade e com o pecado. Nenhuma concessão à corrupção à mentira e a iniquidade. Tal objetivo limpa a nossa vista ao começar cada dia, desintoxicando o relacionamento com o próximo. Mesmo quando não temos a missão de expulsar demônios formalmente, exorcizar é enfrentar corajosamente nossas conversões adiadas. Mas também prodigalizar ânimo e consolação, perdão, denúncia do mal. Nasce a alegria em quem se libertou do demônio! E o melhor exorcismo está na boca de quem sabe bendizer!
Na companhia de Jesus e sustentados pela sua graça, o dia não passe sem alguma iniciativa gratuita do bem, de forma especial pelos mais sofredores e marginalizados, como o Senhor fez com a Sogra de Simão. Viver para si envenena nosso coração e nosso tempo! Além disso, nossa conversão a Cristo exige disposição para gastar tempo com os outros. Talvez nossas refeições venham a demorar mais e ser mais humanas, para a elas acrescentar um pouco de conversa e convivência! Basta verificar o quanto nos sentimos bem nos encontros familiares mais longos, ou a refeição com amigos queridos. Não é desperdício de tempo!
O cair da tarde de Jesus foi magnífico, com uma fila de gente machucada pela vida e pelas enfermidades. Todos eram levados a ele e em todos ficava a marca de seu amor. Nossa vida tem também grandes chances de maior equilíbrio e sentido, se crescer nossa sensibilidade pelas necessidades alheias. Ampliar o horizonte para a sociedade e para as possibilidades que nos foram concedidas para fazer o bem! Aqui entram em cena os dons e carismas concedidos a cada cristão. Viver apenas para se enriquecer, ou a busca desenfreada do prazer e dos destaques na sociedade esvazia a alma. O Evangelho suscite em todos nós uma revisão do projeto de vida que orienta nossas opções!
De madrugada, podemos encontrar Jesus em oração! Sem o tempo para Deus, a escuta da Palavra do Senhor, o fecundo silencia, a abertura da alma para as alturas, não é possível ter uma vida equilibrada. Quem vive apenas da herança da formação cristã recebida em tenra idade, ou das orações feitas no passado, gasta depressa os presentes recebidos e se esvazia logo.
Enfim, Jesus nos faz olhar para as aldeias, cidades, metrópoles ou multidões que aguardam nosso zelo missionário. Cristão que se faz discípulo verdadeiro se transforma imediatamente em missionário!Abram-se os horizontes e cada pessoa descubra seu modo de servir no anúncio corajoso do Evangelho. Há muitos tesouros escondidos no coração das pessoas e que podem transformar-se em serviço ao Reino de Deus. Que ninguém se exclua do apelo que vem de Deus!
As respostas para os dilemas da correria ou do sofrimento humano não estão escritas num código de conduta, mas se encontram em alguém, Jesus Cristo! Quem se dispuser a segui-lo, encontrará o sadio equilíbrio para a vida e arregaçará as mangas para servir a Deus e ao próximo. Esta é a chave da realização. Mãos à obra!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL
A Intercessão dos Santos
Desde os tempos apostólicos a Igreja ensina que os que morreram na amizade do Senhor, não só podem como estão orando pela salvação daqueles que ainda se encontram na terra. Tal conceito é conhecido como a intercessão dos santos.
A Doutrina
Sobre a doutrina da intercessão dos santos, o Catecismo da Igreja Católica ensina:
"Pelo fato que os do céu estão mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a toda a Igreja na santidade... Não deixam de interceder por nós ante o Pai. Apresentam por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, os méritos que adquiriram na terra... Sua solicitude fraterna ajuda, pois, muito a nossa debilidade." (CIC 956)
Por tanto para a Igreja Católica, os santos intercedem por nós junto ao Pai, não pelos seus méritos, mas pelos méritos de Cristo Nosso Senhor, o único Mediador entre Deus e os homens.
Objeções
Os adeptos do fundamentalismo bíblico normalmente apresentam uma série de objeções à doutrina da intercessão dos santos. Neste artigo iremos confrontar as principais:
1a. objeção: Cristo é o único mediador entre Deus e os homens.
Esta é a principal objeção à doutrina da intercessão dos Santos. Os adeptos desta objeção fundamentam sua posição em 1 Tim 2,5 onde lemos: "Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus". Para eles, a Sagrada Escritura não deixa dúvidas de que só Jesus pode interceder pelos homens junto a Deus.
Se isto é verdade, por que São Paulo ensinaria que nós cristãos devemos dirigir orações a Deus em favor de outras pessoas? Vejam 1Tim 2,1: "Acima de tudo, recomendo que se façam súplicas, pedidos e intercessões, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade."
No exposto acima não está São Paulo nos pedindo para que sejamos intercessores (mediadores) junto a Deus por todas as pessoas da terra? Estaria então o Santo apóstolo se contradizendo? É claro que não. A questão é que a natureza da mediação tratada no versículo 1 é diferente da do versículo 5.
A mediação tratada em 1Tm 2,5 refere-se à Nova e Eterna Aliança. No AT a mediação entre Deus e os homens se dava através da prática da Lei. No NT, é Cristo que nos reconcilia com Deus, através de seu sacrifício na cruz. É neste sentido que Ele é nosso único mediador, pois foi somente através Dele que recuperamos para sempre a amizade com Deus, como bem foi exposto por São Paulo: "Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos."(Rom 5,19)
Por tanto, a exclusividade da medição de Cristo refere-se à justificação dos homens. A mediação da intercessão dos santos é de outra natureza, referindo-se à providência de Deus em favor do nosso semelhante. Desta forma, o texto de 1Tm 2,5 dentro de seu contexto não oferece qualquer obstáculo à doutrina da intercessão dos santos.
2a. objeção: os santos não podem interceder por que após a morte não há consciência
Os defensores desta objeção usam como fundamento as palavras do Eclesiastes: "Com efeito, os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem mais nada; para eles não há mais recompensa, porque sua lembrança está esquecida" (Ecl. 9,5) e ainda "Tudo que tua mão encontra para fazer, faze-o com todas as tuas faculdades, pois que na região dos mortos, para onde vais, não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria" (Ecl. 9,10).
Já que a Bíblia é um conjunto coeso de livros, não podemos aceitar a doutrina da ?dormição? ou ?inconsciência? dos mortos simplesmente pelo fato de que há versículos claros na Sagrada Escritura que mostram que os mortos não estão nem "dormindo" e nem "inconscientes" (cf. Is 14, 9-10; 1Pd 3,19; Mt 17,3; Ap 5,8; Ap 7,10; Ap 6,10); o que faria alguém pensar que há contradições na Bíblia.
A questão é que os versículos citados do Eclesiastes não fazem referência a um estado mental dos mortos, mas sim ao infortúnio espiritual em que se encontram por causa do lugar onde estão. Os mortos os quais os textos se referem são aqueles que morreram na inimizade de Deus, e não a qualquer pessoa que morreu. Vejamos os versículos abaixo:
"Ignora ele que ali há sombras e que os convidados [da senhora Loucura] jazem nas profundezas da região dos mortos" (Prov 9,18)
"O sábio escala o caminho da vida, para evitar a descida à morada dos mortos" (Prov 15,24)
Os versículos acima mostram que a região dos mortos é um lugar de desgraça, onde são encaminhados os inimigos de Deus. Isto é ainda mais evidente em Prov 15,24. O sábio é aquele que guarda a ciência de Deus, este quando morrer não vai para a "morada dos mortos?. As expressões ?morada dos mortos? ou ?região dos mortos? fazem alusão a um lugar de desgraça, onde os inimigos de Deus estão privados da Sua Graça.
Voltando aos versículos do Eclesiastes, o escritor sagrado ao escrever que para os mortos ?não há mais recompensa?, ?não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria?, refere-se unicamente ao infortúnio que existe ?na região dos mortos, para onde? eles vão. Eles quem? Os que estão mortos para Deus.
Por tanto, dentro de seu contexto, os versículos do Eclesiastes também não oferecem qualquer imposição à doutrina da intercessão dos santos.
3a. objeção: os santos não podem ouvir as orações dos que estão na terra porque não são oniscientes e nem onipresentes
São Paulo nos ensina que a Igreja é o corpo de Cristo . Desta forma, os que estão unidos a Cristo através de seu ingresso na Igreja, são membros do Seu corpo. Isso quer dizer que tantos nós que estamos na terra, quanto os que já morreram na amizade do Senhor, todos somos membros do Corpo Místico de Cristo, onde Ele é a cabeça. Vejam:
Ø São Paulo ensina que a Igreja é corpo de Cristo: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24)
Ø São Paulo ensina que somos membros do corpo de Cristo e por isto os cristãos estamos ligados uns aos outros: "assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro" (Rom 12,5)
Ø São Paulo ensina que Cristo é a cabeça do seu corpo que é a Igreja: "Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja" (Col 1,18)
Isso quer dizer que nós e os santos (que estão na presença de Deus) estamos ligados, pois somos membros de um mesmo corpo, o corpo de Cristo, que é a Igreja.
Assim como minha mão direita não pode se comunicar com a esquerda sem que esse comando tenha sido coordenado pela minha cabeça (caso contrário seria um movimento involuntário), da mesma forma, no Corpo de Cristo os membros não podem se comunicar sem que essa comunicação aconteça através da cabeça que é Cristo. Desta forma, quando nós pedimos para que os santos intercedam por nós junto a Deus (comunicação de um membro com o outro no corpo de Cristo), isso acontece através de Cristo. Assim como a nossa cabeça pode coordenar movimentos simultâneos entre os vários membros de nosso corpo, Cristo que é a cabeça da Igreja e é onisciente e onipresente possibilita a comunicação entre os membros do Seu corpo.
Por tanto, a falta de onipresença e onisciência dos santos não apresenta qualquer impedimento para que eles conheçam ou recebam nossos pedidos e então possam interceder por nós junto a Deus.
4a. objeção: nós não podemos dirigir nossa orações aos santos pois isto caracteriza evocação dos mortos que é severamente proibida na Bíblia.
Esta objeção baseia-se principalmente nos versículos abaixo:
"Não se ache no meio de ti quem pratique a adivinhação, o sortilégio, a magia, o espiritismo, a evocação dos mortos: porque todo homem que fizer tais coisas constitui uma abominação para o Senhor" (Dt 18, 9-14) (grifos nossos).
"Se uma pessoa recorrer aos espíritos, adivinhos, para andar atrás deles, voltarei minha face contra essa pessoa e a exterminarei do meio do meu povo. (...) Qualquer mulher ou homem que evocar espíritos, será punido de morte" (Lev 20, 6 - 27). (grifos nossos).
Conforme vimos, Deus abomina a evocação dos mortos. No entanto, há uma diferença tremenda entre evocar os mortos e dirigir nossos pedidos de orações aos santos.
A evocação dos mortos é caracterizada pelo pedido de que o espírito do defunto se apresente e então se comunique com os vivos como se ainda estivesse na terra. Esta prática é condenada por Deus, pois em vez de confiarmos na Providência Divina quanto ao futuro e às coisas que necessitamos, deseja-se confiar nas instruções dos espíritos. Conforme a Sagrada Escritura dá testemunho em I Samuel 28.
Na intercessão dos santos, não estamos pedindo que o santo se apresente para ?bater um papo? a fim obter qualquer tipo de informação, mas sim, dirigimos a eles nossos pedidos de oração, como se estivéssemos enviando uma carta solicitando algo (o que é bem diferente de evocar mortos). Na intercessão dos santos continuamos confiando na Providência Divina, pois os santos são apenas mediadores, logo, quem atende aos nossos pedidos é Deus.
Desta forma, as proibições divinas quanto à prática de espiritismo não se aplicam à doutrina da intercessão dos santos.
5a. objeção: não há sequer uma única referência bíblica em relação à intercessão dos santos
Há diversos versículos bíblicos que mostram que os santos oram na presença de Deus. Vejamos:
"Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos" (Ap 6,9-11).
No trecho acima, os santos estão clamando a Deus por Justiça. Alguém poderia dizer: ?mas eles estão intercedendo por eles mesmos e não pelos que ficaram na terra?. Ora, e o que impede que o façam pelos que estão na terra? São Paulo mesmo não recomenda que oremos pelos outros? (cf. 1Tm 2,1). Por alguma razão estariam os santos incapazes de continuarem orando pelos que estão na terra? Ora, alguém que esteja no seu juízo perfeito, há de convir que, o fato dos santos estarem na presença de Deus, não é motivo impeditivo para que intercedam pelos outros, muito pelo contrário, não há melhor lugar e momento para fazê-lo. Veja ainda:
"Os quatro viventes e os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro. Tinha cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos" (Ap 5,8). "A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus.? (Ap 8,4).
Nos versículos acima os santos oram para Deus. Por que estariam orando, já que estão salvos e gozando da presença do Senhor? Oram em nosso favor, para que os que estão na terra também possam um dia estar com eles na presença do Senhor.
No livro do profeta Jeremias lemos:
"Disse-me, então, o Senhor: Mesmo que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, meu coração não se voltaria para esse povo. Expulsai-o para longe de minha presença! Que se afaste de mim!? (Jr 15,1).
No tempo do profeta, ambos Moisés e Samuel estavam mortos. Que sentido teria este versículo caso não fosse possível que os dois intercedessem por Israel?
O Testemunho dos primeiros cristãos
Vejamos agora o que professava os cristãos no tempo em que não havia divisão na Cristandade, em relação à doutrina da intercessão dos santos:
"O Pontífice [o Papa] não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e as almas dos justos também se unem a eles na oração" (Orígenes, 185-254 d.C. Da Oração).
"Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as nossa orações pelos irmãos" (Cipriano de Cartago, 200-258 d.C. Epístola 57)
"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos". (Santo Hilário de Poitiers, 310-367 d.C).
"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as nossas." (São Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. Catequeses Mistagógicas).
"Em seguida (na Oração Eucarística), mencionamos os que já partiram: primeiro os patricarcas, profetas, apóstolos e mártires, para que Deus, em virtude de suas preces e intercessões, receba nossa oração" (São Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. Catequeses Mistagógicas).
"Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (São Jerônimo, 340-420 d.C, Adv. Vigil. 6).
"Portanto, como bem sabem os fiéis, a disciplina eclesiástica prescreve que, quando se mencionam os mártires nesse lugar durante a celebração eucarística, não se reza por eles, mas pelos outros defuntos que também aí se comemoram. Não é conveniente orar por um mátir, pois somos nós que devemos encomendar suas orações" (Santo Agostinho, 391-430 d.C. Sermão 159,1)
"Não deixemos parecer para nós pouca coisa; que sejamos membros do mesmo corpo que elas (Santa Perpétua e Santa Felicidade) (...) Nós nos maravilhamos com elas, elas sentem compaixão de nós. Nós nos alegramos por elas, elas oram por nós (...) Contudo, nós todos servimos um só Senhor, seguimos um só Mestre, atendemos um só Rei. Estamos unidos a uma Cabeça; nos dirigimos a uma Jerusalém; seguimos após um amor, envolvendo uma unidade" (Santo Agostinho, 391-430 d.C. Sermão 280,6)
"Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdão das nossas faltas [1Jo 5,16; Tg 5,14-15] ou ainda a misericórdia e a fé" (São João Cassiano. 360-435 d.C. conferência 20).
Conclusão
Como pudemos ver, a doutrina da intercessão do santos, não é invenção do catolicismo (como pensam alguns), mas sim, uma legítima doutrina cristã, embasa tanto nas Sagradas Escrituras, quanto na Tradição Apostólica. Os primeiros cristãos jamais tiverem dúvidas quanto a ela (note que este tema jamais foi centro de disputas conciliares). Esta doutrina confirma o Amor de Deus para conosco e Seu plano de que sejamos uns para outros instrumentos deste Amor.
Alessandro Lima
Fonte: Veritatis Splendor
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