O cansaço existencial: por que tudo me cansa?
Por que as coisas nos cansam tanto? Será que estamos cansados de viver, ou talvez cansados até de nós mesmos? Que tipo de cansaço nos pesa mais: o físico, o psicológico, o espiritual?
Chama a atenção como os grandes santos dormiam pouco, comiam pouco,
trabalhavam muitas horas e dedicavam um longo tempo à oração. E estavam
sempre alegres, inclusive quando seu corpo parecia destruído. Ficavam
esgotados, mas não cansados de doar-se a Deus e aos outros. Neles se cumpria a máxima de São João da Cruz: “A alma que anda no amor não cansa nem se cansa”.
Os grandes santos estavam enamorados de Cristo, Esposo e Senhor, e se
deixavam amar por Ele. Em suas vidas, sempre houve sofrimento,
contrariedades, desprezos, traições. Mas eles nunca perderam a alegria.
Sim, enamorados de Cristo, entregaram-se completamente.
Então, por que hoje, na Igreja, há tantas pessoas cansadas? O que acontece?
São múltiplos e muito variados os motivos do cansaço. O cansaço físico contínuo, sem o apoio do Espírito Santo, causa desgaste psicológico. Daí se passa à falta de motivação para orar, para estar diante do Senhor, para deixar-se tocar pela Palavra. Apaga-se a vida espiritual, a relação com o Amado e, por conseguinte, chega a exaustão espiritual, a preguiça.
São múltiplos e muito variados os motivos do cansaço. O cansaço físico contínuo, sem o apoio do Espírito Santo, causa desgaste psicológico. Daí se passa à falta de motivação para orar, para estar diante do Senhor, para deixar-se tocar pela Palavra. Apaga-se a vida espiritual, a relação com o Amado e, por conseguinte, chega a exaustão espiritual, a preguiça.
O cansaço psicológico pode vir pela desordem da vida,
pela contínua mudança de horários, pela inconstância nas tarefas, pela
bagunça ou falta de limpeza no quarto ou sala de trabalho, pela
compensação na comida, pela falta de vontade em tudo.
Há cansaço pela forma de enfrentar os trabalhos, as contrariedades, os fracassos, os conflitos. Há cansaço quando
o trabalho (escolar, manual, intelectual, familiar) é vivido com
voluntarismo ou perfeccionismo; quando a pessoa estabelece metas acima
das suas possibilidades, ou baseada na comparação ou inveja com relação
aos resultados dos outros, ou com o desejo de superar todos. Isso esgota
e causa insatisfação.
No cristão, o cansaço pode chegar quando não se confia
no Senhor, quando não se coloca em suas mãos as próprias lutas,
esperanças, problemas, fracassos, angústias; quando a pessoa se instala
no ceticismo ou se apega a pequenas preocupações; quando se dá muita
importância ao que é transitório, insignificante, efêmero.
O cansaço pode aparecer na vida do cristão também
quando falta humildade para pedir ajuda diante das dificuldades ou
problemas, e a pessoa quer resolver tudo sozinha, fechando-se cada vez
mais em si mesma, contando somente com suas forças, o que leva a um
fracasso maior ainda.
Como enfrentar o cansaço físico e psicológico, para manter o tônus espiritual?
“Vinde a mim todos os que estão cansados, e eu os aliviarei” (cf. Mt 11, 28). A vida não os pertence. Tudo é de Deus.
Dele viemos e a Ele voltaremos. Enquanto caminhamos nesta terra, Jesus
Cristo está sempre ao nosso lado, sustentando, motivando, iluminado
nossa existência.
Ele conhece nossas alegrias e tristezas, nossas esperanças e angústias,
nossas luzes e sombras, nosso combate interior. O que Ele deseja é que
contemos com Ele, que estejamos sempre na sua presença, que Ele habite
no mais íntimo da nossa interioridade.
Ser cristão não nos poupa de lágrimas, mas dá sentido aos nossos
sofrimentos. Ser discípulos de Jesus aumenta o “peso” da vida – segundo
os critérios do mundo. É verdade. Mas o próprio Jesus nos disse: “Tomai o
meu jugo”. E acrescentou: “Porque meu jugo é suave e meu peso é leve”
(cf. Mt 11, 30).
O jugo é suave porque é sua amizade incondicional; e o peso é leve
porque Ele o carrega conosco. Carregamos um tesouro em vasos de barro,
para que se veja que uma força tão extraordinária vem de Deus, não de nós.
Deus é fiel e não permitirá que sejamos tentados acima
das nossas forças; pelo contrário, com a tentação, encontraremos também
a maneira de poder suportá-la (cf. 1 Cor 10, 13).
Artigo de Miguel Ángel Arribas, publicado originalmente pelo Seminário Conciliar de MadriFonte: Aleteia
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