Renovação Carismática Católica - Decanato de Rolândia
SEIS PALAVRAS DE OURO
1. Com licença. Esta palavra expressa respeito, gentileza, educação, nobreza e fineza. Abre o coração de quem a ouve, porque é uma manifestação de humildade e de boas maneiras de convivência. É jeito de venerar a dignidade da pessoa e o valor do ser humano. Há um livro com o título "O poder da gentileza" que nos ajuda a descobrir como a simpatia faz bem a todos, porque uma simples cortesia desperta sorriso, gratidão, alegria. Quem diz "com licença" diz: "Eu venero, considero, respeito você, reconheço sua dignidade. Cada pessoa é a mais importante do mundo".
2. Obrigado. Saber agradecer é um ato de justiça porque somos devedores a Deus e aos outros por tudo o que somos e temos. Quem agradece atrai favores para si mesmo. Dizer obrigado não é só questão de educação, mas de humildade, reconhecimento, consciência, fineza. Há um obrigado que dizemos com os lábios, mas o que dizemos com gestos e atitudes fala bem mais alto.
A rotina, a mediocridade, as omissões nos levam ao esquecimento de manifestação de agradecimento. Sem dúvida, nossa atitude de gratuidade, de altruísmo e de voluntariado é um jeito certo de sermos agradecidos.
3. Desculpe. Pedir perdão, desculpar-se, reconhecer que erramos é um dos gestos mais nobres que podemos ter. Nossa grandeza está em reconhecermos nossa miséria. O perdão reata amizades, aumenta a paz interior, cura doenças, favorece a comunicação. Para viver e conviver bem, existe um preço, uma condição: perdoar. Nada pior que sermos envenenados por sentimentos negativos de mágoa, ressentimento, raiva, ódio. Quem não perdoa é perdedor. Quem perdoa é vencedor.
4. Coragem. Saber encorajar, consolar, aconselhar, entusiasmar é uma obra de misericórdia. Uma palavra positiva, construtiva, encorajadora é remédio, é luz, é graça de Deus, é palavra de vida. Incutir coragem é um ato de amor fraterno e de positividade. A coragem nos fortalece para vencer negativismos, desânimos, depressões, decepções. Tenhamos a coragem de encorajar e consolar os irmãos.
5. Parabéns. Como é bom ser elogiado, reconhecido e gratificado. Parabenizar é partilhar das vitórias, alegrias, sucessos das pessoas. É reconhecer as lutas, as conquistas, os méritos de quem lutou e venceu. Quem recebe nossos cumprimentos sente-se valorizado e motivado a continuar, perseverar e persistir no bem. Dar parabéns é estimular a pessoa para ir além. O ser humano ao receber os parabéns, recebe a gratidão e a coroação do bem que faz, a alegria da vitória. Isso nos faz sentir úteis à sociedade e benfeitores da humanidade.
6. Bom-dia. Uma saudação é uma bênção, um benquerer, um impulso positivo. Saudar é acolher o outro, desejar-lhe o bem, agradecer por sua vida, reconhecer sua dignidade. Um bom-dia faz milagres, porque somos aceitos, valorizados, reconhecidos. Isso melhora nossa autoestima e o desejo de ser melhores do que somos. Dizer um bom-dia é dizer eu te quero bem, eu desejo o melhor para ti, eu estou torcendo pelo teu sucesso, tu és importante para mim, eu quero que sejas feliz. Bom-dia é o mesmo que dizer: eu te abençoo, estou torcendo pelo teu bem, vai dar certo.
DOM ORLANDO BRANDES
Arcebispo de Londrina
Ano Novo e a Cultura de Pentecostes
Na visão de muitos antropólogos, o homem possui uma necessidade de viver em ciclos, com marcos que possam estabelecer noções de términos e reinícios. Na tradição da cultura ocidental, no entanto, o tempo apresenta-se de forma linear e momentos como a "passagem de ano", por exemplo, parecem sugerir espontaneamente um "recomeçar a vida", num esforço de manifestar esse desejo cíclico do ser humano.
A passagem de ano é um momento em que “fim e começo” parecem se tocar. Nesse momento há um despertar da esperança no homem, um desejo de recomeçar a vida, os projetos, os sonhos. O clima celebrativo e de forte conotação emotiva tem conotação mágica. É em meio à necessidade de fazer uma revisão da etapa anterior e da prospectiva da etapa seguinte, e envolvidos por votos de felicidade, paz, amor etc., que surgem as promessas: eu prometo que este ano vou deixar este vício, emagrecer, estudar, economizar mais, vou ser melhor, vou rezar mais, amar mais, e por aí vai... Poderíamos chamar isso de síndrome de fim de ano.
Esse assunto é tão presente no comportamento da sociedade, atualmente, que diversos programadores desenvolveram sites que pudessem "ajudar" as pessoas a decidirem sobre suas novas promessas... O psicólogo britânico Richard Wiseman realizou uma pesquisa sobre essas promessas de final de ano e sugere que apenas 10% das pessoas conseguem cumprir com as resoluções definidas no fim do ano. Não obstante, as promessas, novas ou renovadas, continuam sendo feitas. As promessas humanas parecem ser tão duráveis quanto o som e o brilho dos fogos. As explosões dos “fogos” no céu acabam se tornando testemunhas de promessas humanas que cairão no esquecimento e não conseguirão ser cumpridas.
Mas, e nós, carismáticos, às portas de um novo ano que surge e envolvidos pelo desejo de moldar a Cultura de Pentecostes em nosso tempo, qual deve ser a nossa atitude nesse momento tão significativo para a sociedade ocidental?
Fazer “promessa” ou permitir que a promessa se cumpra?
O verbo latino promittere (prometer) significa pro= à frente + mittere= enviar, mandar, emitir. Nesse sentido, pode-se traduzir como "enviar adiante, mandar à frente", ou ainda "levar a esperar". Prometer é comprometer-se a dar mais tarde. Diante de um grande desejo, a promessa "dá esperança" e propõe um compromisso.
Esse assunto é tão presente no comportamento da sociedade, atualmente, que diversos programadores desenvolveram sites que pudessem "ajudar" as pessoas a decidirem sobre suas novas promessas... O psicólogo britânico Richard Wiseman realizou uma pesquisa sobre essas promessas de final de ano e sugere que apenas 10% das pessoas conseguem cumprir com as resoluções definidas no fim do ano. Não obstante, as promessas, novas ou renovadas, continuam sendo feitas. As promessas humanas parecem ser tão duráveis quanto o som e o brilho dos fogos. As explosões dos “fogos” no céu acabam se tornando testemunhas de promessas humanas que cairão no esquecimento e não conseguirão ser cumpridas.
Mas, e nós, carismáticos, às portas de um novo ano que surge e envolvidos pelo desejo de moldar a Cultura de Pentecostes em nosso tempo, qual deve ser a nossa atitude nesse momento tão significativo para a sociedade ocidental?
Fazer “promessa” ou permitir que a promessa se cumpra?
O verbo latino promittere (prometer) significa pro= à frente + mittere= enviar, mandar, emitir. Nesse sentido, pode-se traduzir como "enviar adiante, mandar à frente", ou ainda "levar a esperar". Prometer é comprometer-se a dar mais tarde. Diante de um grande desejo, a promessa "dá esperança" e propõe um compromisso.
Na Bíblia encontram-se mais de 8,5 mil promessas, sendo que aproximadamente 85% dessas promessas são feitas pelo próprio Deus ao homem. Cerca de mil promessas encontradas na Bíblia são feitas de uma pessoa para a outra. Há promessas feitas do homem a Deus, pelos anjos ao homem, de Jesus aos discípulos etc. Na verdade, podemos até nos referir à Bíblia como um livro de promessas e cumprimento. Muitas promessas cumpridas, outras se cumprindo atualmente e, ainda, outras que se cumprirão a seu devido tempo.
O Magistério nos ensina que "em várias circunstâncias, o cristão é convidado a fazer promessas a Deus. O Batismo e a Confirmação, o Matrimônio e a Ordenação sempre as contêm. Por devoção pessoal, o cristão pode também prometer a Deus este ou aquele ato, oração, esmola, peregrinação etc." (Catecismo 2101).
Para uma autêntica Cultura de Pentecostes na qual os comportamentos são resultantes de uma vida no Espírito, somos convidados a ter atitudes novas, também e especialmente num momento tão celebrativo e significativo como a passagem de ano. No entanto, ao invés de formular novas promessas fundadas no forte impacto emocional do momento, não seria uma nova e bela atitude comprometer-se em assumir as promessas, profecias e direcionamentos dados por Deus a nós? Esse não seria um momento propício para dizer aquele faça-se em mim segundo a Tua Palavra como fez Maria, Mãe de Jesus? Aliás, o dia 1º de janeiro, dia da Santa Mãe de Deus, oferece-nos a oportunidade de recordar-nos daquela que não se preocupou em fazer promessa, mas que permitiu em sua vida a realização da Promessa esperada desde a antiguidade!
Esta é uma boa hora para dizer "Sim!". Sim aos planos de Deus, e não às nossas vaidades e projetos pessoais. Sim à Palavra de Deus que pode gerar em nós a Vida nova, tão desejada nesse momento! Sim ao Amor de Deus que nos transforma para sermos pessoas melhores, mais humanas, mais santas!
Enquanto as luzes dos fogos iluminam a noite, aqueles que assumem o batismo no Espírito Santo deveriam trazer consigo o desejo de terem suas almas iluminadas pelo Espírito de Deus. Devem cantar "a nós descei, Divina Luz!", como quem reconhece a necessidade da claridade divina para não cair nas trevas do pecado. Deve-se reconhecer a necessidade da graça de Deus para se conseguir cumprir a própria vocação durante todo o novo ano, pois a graça de Deus nunca passará.
Compromisso com a Cultura de Pentecostes
Para dar forma à Cultura de Pentecostes, a nossa principal missão é "tornar o Espírito Santo conhecido e amado", segundo a orientação de João Paulo II. Da Renovação Carismática Católica não se deve esperar promessas, mas adesão às promessas de Deus! Atitudes de colaboração para a concretização das promessas de Deus em nosso tempo. "Derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo" (Jl 3,1). No coração de cada carismático, o réveillon deve configurar-se como um Novo Pentecostes. É uma excelente hora para apresentar os melhores frutos de evangelização do ano que terminou e aproveitar para encher as mãos de novas sementes da Palavra para serem lançadas, ao longo do ano, em cada canto de nosso país. E aqueles que não "apanharam nada durante o ano todo" devem dizer como Pedro a Jesus: "Confiantes na Tua Palavra, lançaremos a rede!" novamente (Lc 5,5).
Para dar forma à Cultura de Pentecostes, a nossa principal missão é "tornar o Espírito Santo conhecido e amado", segundo a orientação de João Paulo II. Da Renovação Carismática Católica não se deve esperar promessas, mas adesão às promessas de Deus! Atitudes de colaboração para a concretização das promessas de Deus em nosso tempo. "Derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo" (Jl 3,1). No coração de cada carismático, o réveillon deve configurar-se como um Novo Pentecostes. É uma excelente hora para apresentar os melhores frutos de evangelização do ano que terminou e aproveitar para encher as mãos de novas sementes da Palavra para serem lançadas, ao longo do ano, em cada canto de nosso país. E aqueles que não "apanharam nada durante o ano todo" devem dizer como Pedro a Jesus: "Confiantes na Tua Palavra, lançaremos a rede!" novamente (Lc 5,5).
Recomeçar, reconstruir!
Para a atualização da Cultura de Pentecostes necessitamos de testemunhas autênticas. Temos como primeiro e mais perfeito modelo de testemunha, Maria, Mãe de Jesus. Ela é testemunha do nascimento, do ministério, morte e ressurreição de Jesus. É testemunha de Jesus e é também testemunha do Espírito Santo. Foi por meio do Espírito que Maria concebeu, e quando Ele se manifestou no dia de Pentecostes ela estava lá com os discípulos. Maria torna-se o protótipo da Cultura de Pentecostes.
Para a atualização da Cultura de Pentecostes necessitamos de testemunhas autênticas. Temos como primeiro e mais perfeito modelo de testemunha, Maria, Mãe de Jesus. Ela é testemunha do nascimento, do ministério, morte e ressurreição de Jesus. É testemunha de Jesus e é também testemunha do Espírito Santo. Foi por meio do Espírito que Maria concebeu, e quando Ele se manifestou no dia de Pentecostes ela estava lá com os discípulos. Maria torna-se o protótipo da Cultura de Pentecostes.
Hoje, como "participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho" (Ef 3,6), enquanto nos despedimos de um ano que entrará para a história da RCC pelo tanto de promessas de Deus realizadas na vida desse Movimento, tornamo-nos testemunhas oculares e ativas de tão grande e atual graça. Mais do que fazer novas promessas, devemos continuar assumindo o compromisso de sermos protagonistas para a civilização do amor, que somente poderá ser fecundada por meio da Cultura de Pentecostes estabelecida em nosso tempo.
Que Maria nos ensine a dizer Sim e a fazer tudo o que Jesus nos disser, neste novo ano!
Rogério Soares
Tempo, uma questão de opção
Ah, o tempo! Essa coisa tão medida, tão preciosa, tão disputada, tão valiosa! O que fazer do tempo? Afinal, quem manda em quem, sou eu que mando no tempo ou ele que manda em mim? Como distinguir o senhor e o servo? Como evitar “ser tragado” por ele?
Os gregos resolveram, em parte, esse problema tão inquietante nos nossos dias. Resolveram criar duas palavras para designar dois tipos de tempo diferente. A primeira, o tempo cronos, significa o único termo que a língua portuguesa utiliza, com seus diferentes sinônimos: tempo mensurável pelo relógio e pelos astros. Esse é o tempo que nos restringe, inquieta, interpela, irrita e nunca parece bastar para fazer o que necessitamos.
A outra palavra grega para “tempo” é kairós. Este tipo de tempo é aquele que não se mede, é interior, espiritual, pleno, profundo. É pessoal, mas universal. Seu efeito atinge os que participam dele e os que lhe são indiferentes. Ao perceber isso, os cristãos dos primeiros séculos passaram a utilizar essa palavra para designar o “tempo da graça de Deus”, o kairós de Deus.
Na verdade, ambos os tipos de tempo foram criados por Deus. São, portanto, criaturas de Deus, como as nuvens, o ar, a água. Deus age em ambos e através de ambos. Quando Jesus se encarnou, ele encarnou-se no “tempo cronos”, mensurável, histórico, preciso. Entretanto, ao encarnar-se e nascer, ele transformou este tempo cronos em tempo kairós, tempo de graça, tempo da graça de Deus.
O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Ele, o Senhor do tempo, submeteu-se ao tempo cronos para transformá-lo em kairós. Obviamente, isso não é coisa de pouca monta. Trata-se da transformação da história da humanidade, a transformação de sua mentalidade humana em mentalidade divina. Diz respeito à inserção palpável do tempo kairós no tempo cronos. Com Jesus, podemos viver escravizados pelo tempo cronos ou libertos pelo tempo kairós.
Alienação? Zen? Nada disso: sabedoria. Se vivermos sabendo que Deus e, portanto, nós somos os senhores do tempo cronos, ele se transforma em kairós. Ao passar a administrar o tempo e submetê-lo a Deus, seu verdadeiro dono e criador, passo a conviver com ele como uma chance de viver para Deus, de enxergar a graça de Deus em cada minuto passado, presente ou por vir. Passo a viver o tempo kairós sem deixar de viver o tempo cronos.
Tenho 10 minutos para chegar ao trabalho, estou a 100 metros do prédio e o trânsito simplesmente não anda. Nervosismo e desespero? Jamais! O cronos foi transformado por Cristo em kairós. Ele sabe de tudo. Sabe por que o trânsito não anda, por que estou preso aqui e, como me ama, faz sempre o melhor para mim. Aproveito, então, o tempo que me é concedido como kairós: canto, rezo, ouço músicas ou palestras sobre o Evangelho, rezo o terço, louvo o Senhor da minha vida e do tempo.
Quando vemos o tempo como nosso senhor, como o indomável cronos, lidamos com a raiva que temos dele, lutamos contra ele o tempo todo, vemo-lo como um adversário invencível a quem, cedo ou tarde, teremos que nos submeter se quisermos ser alguém na vida.
Quando o vemos como nosso servo, um presente de Deus para melhor amá-lo e servi-lo, o tempo que percebemos é o kairós, ainda que inserido no cronos. Acolhemo-lo com alegria, enchemo-nos de gratidão para com ele que passa a ser para nós tempo da graça de Deus. Aquele tipo de tempo que a gente deseja nunca acabar: o tempo que mede o amor, a amizade, a oração, o carinho, a ternura, o dar-se ao outro por amor, a compaixão, a solidariedade, a partilha, a piedade.
Embora muitas vezes estraguemos esta percepção, o nascimento de Jesus é, essencialmente, kairós. A observação mais superficial de como o festejamos indicaria exatamente o contrário. O trânsito infernal, a lista de presentes, a preparação da ceia, a corrida para comprar o presente esquecido, a roupa que não foi passada, o sapato novo que prolonga o martírio, a impaciência, as repetidas olhadelas para o relógio, a correria de uma residência para outra, tudo denunciao tempo cronos, implacável e indômito senhor a nos fustigar.
Entretanto, em sua essência mais verdadeira, o Natal não deixa de ser um kairós. Um autêntico, profundo e pródigo tempo de graça, tempo da graça de Deus. Toda a graça do Deus Vivo está à nossa disposição. Nele, o Todo Poderoso, se torna um recém nascido. Nele, o Forte se torna frágil, o Rico se torna pobre, o Livre se torna dependente para que nós sejamos livres. Será que é por isso, por nossa rejeição natural a esse abaixamento de Deus, por nosso medo de participar desse tipo de graça de não “ser alguém na vida” que insistimos em abafar esse incomparável kairós, sufocando-o com o nosso cronos?
Fonte: Comunidade Shalom
Entenda o Ciclo Carismático
no Grupo de Oração
Um dos mais belos relatos bíblicos de um relacionamento de intimidade entre Deus e um homem certamente é aquele narrado no I Samuel 3, 4-10. Depois de ser orientado pelo sacerdote Heli, o menino Samuel aprendeu que era preciso sintonizar seu ouvido com a boca de Deus, através da oração. Não há nenhuma referência posterior falando de outra dificuldade semelhante, ele aprendeu a ouvir a voz de Deus.
Este é um desafio que precisa ser vencido por todos aqueles que desejam se aventurar na vida no Espírito: aprender a se colocar em permanente escuta, pois o Espírito Santo deseja dirigir, orientar nossas vidas.
Deus deseja revelar-se a nós, para isto precisamos nos manter em constante oração para discernir qual a direção a seguir, qual a vontade de Deus para esta ou aquela situação de nossa vida. Esta é uma das características da Renovação Carismática Católica: estar continuamente a escuta do Espírito Santo. Em nosso Movimento, não apresentamos a Deus os nossos projetos para que sejam abençoados, ao contrário disto, perguntamos a Deus quais são os Seus projetos.
Sendo nosso Deus um Deus vivo, é natural que responda às nossas orações. Nossa oração não deve ser de forma alguma um monólogo, no qual nos colocamos diante de Deus e simplesmente despejamos nossos problemas, pecados, medos, sonhos. Ao contrário, deve ser um diálogo, no qual falamos com Deus e em seguida silenciamos para ouvir sua voz, que nos orienta, direciona, exorta e consola. Ao nos colocarmos em oração, devemos ter a certeza que Deus deseja responder-nos. No entanto, para isso precisamos aprender a silenciar.
Em nossas reuniões de oração, cria-se assim o que é denominado em nosso ambiente de “ciclo carismático”, que é composto pelos seguintes elementos:
a) Oração, louvor (cânticos ou preces)
b) Orações em línguas
c) Momento de silêncio
d) Profecia
e) Resposta à palavra dirigida pelo Senhor, com exultante louvor
Para ouvirmos a voz de Deus, é preciso cultivar em nossas reuniões de oração momentos de silêncio, que são extremamente fecundos, pois é no silêncio que o Espirito Santo irá falar conosco em profecia, ou nos dar o tom a ser seguido na condução da oração.
O silêncio não é somente a ausência de algum barulho exterior, mas uma atitude interior, de alguém que com fé expectante aguarda ouvir a voz do Senhor. Quando nos colocamos diante da presença de Deus desta maneira, com toda certeza ouviremos a sua voz suave em nosso interior.
A Exortação Apostólica Pós Sinodal Verbum Domini em seu número 14 diz o seguinte:
"Consequentemente, o Sínodo recomendou que se ajudassem os fiéis a bem distinguir a Palavra de Deus das revelações privadas, cujo papel não é (…) “completar” a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época histórica. O valor das revelações privadas é essencialmente diverso do da única revelação pública: esta exige a nossa fé; de fato nela, por meio de palavras humanas e da mediação da comunidade viva da Igreja, fala-nos o próprio Deus. O critério da verdade de uma revelação privada é a sua orientação para o próprio Cristo. Quando aquela nos afasta d’Ele, certamente não vem do Espírito Santo, que nos guia no âmbito do Evangelho e não fora dele. A revelação privada é uma ajuda para a fé, e manifesta-se como credível precisamente porque orienta para a única revelação pública. Por isso, a aprovação eclesiástica de uma revelação privada indica essencialmente que a respectiva mensagem não contém nada que contradiga a fé e os bons costumes; é lícito torná-la pública, e os fiéis são autorizados a prestar-lhe de forma prudente a sua adesão. Uma revelação privada pode introduzir novas acentuações, fazer surgir novas formas de piedade ou aprofundar antigas. Pode revestir-se de um certo caráter profético (cf. 1 Ts 5, 19-21) e ser uma válida ajuda para compreender e viver melhor o Evangelho na hora atual; por isso não se deve desprezá-la."
Assim, precisamos valorizar o Ciclo Carismático em nossa oração pessoal e também em nossas reuniões de oração, pois uma palavra profética, como nos ensina a Verbum Domini traz uma nova ênfase sobre determinado aspecto sobre aquilo que já nos foi revelado em Cristo.
Lázaro Praxedes
Fidelidade – Por Dom Orlando Brandes
Vivemos num mundo que valoriza mais a liberdade, a mudança, individualismo, a modernidade, e descarta a fidelidade. Além disso, a fidelidade encontra obstáculos na natureza humana frágil, ferida, volúvel. Tudo converge mais para a facilidade que para a fidelidade.
Mesmo assim, cremos que a fidelidade é possível, é remédio para vida conjugal, para o ministério sacerdotal, para a amizade, para a convivência humana e principalmente para o relacionamento com Deus. Por outro lado, hoje falamos de fidelidade partidária, fidelidade à palavra dada, às promessas, às leis, ao horário, ao cumprimento do dever. Sem fidelidade cairíamos na anarquia e no caos.
Há também distorções da fidelidade. Há quem é intolerante, radical, extremista, orgulhoso e chama isso de fidelidade. Outros são fanáticos, obsessivos, excludentes em nome da fidelidade. Os desconfiados, ciumentos, medrosos, inseguros são apegados a uma fidelidade neurótica, agem mais por medo que por convicção.
Precisamos então de uma visão e prática positiva da fidelidade. Antes de tudo trata-se de um bem para a pessoa humana visto que lhe confere consistência, orientação de vida, integração pessoal. A fidelidade salva a pessoa das flutuações das paixões, da dispersão e desorientação da vida, enfim, é um grande recurso. Sem fidelidade ninguém chega à maturidade, nem à santidade. Todos precisamos deste recurso que abre tantas portas e caminhos para nossa vida. Ai de nós, se o piloto, o motorista, o médico não fossem fiéis. Estaríamos perdidos e na mais completa frustração.
Sem dúvida, a fidelidade familiar, livra os esposos, pais e filhos de traumas, frustrações, fracassos e doenças. A fidelidade é uma dimensão essencial do amor. Deus é fiel à sua aliança com a humanidade e isso significa amor fiel. Sim, o amor é fiel porque é justo, verdadeiro, honesto, respeitoso, nobre. Mais ainda, o amor é incondicional, tem capacidade de perdoar. Este é o poder da fidelidade.
A comunidade humana, a sociedade precisam da fidelidade para segurar a ordem social. Na realidade os justos, os pacíficos, os amigos da verdade, os mestres dos valores são antes de tudo pessoas fiéis. A fidelidade confere à sociedade estabilidade social, confiança recíproca, que promove e sustenta a liberdade porque possibilita o relacionamento, a comunicação, a amizade sadia, verdadeira e duradoura.
A fidelidade autêntica é criativa. Fidelidade não é sinônimo de mesmice, rotina, mediocridade. Percebemos a criatividade da fidelidade quando sabemos valorizar o passado e acolher o presente, respeitar a tradição e abraçar a atualização, o novo, as circunstâncias, as mudanças. Portanto, a fidelidade é ativa, progressiva, atenta à realidade, aberta ao desenvolvimento.
Como é bom, saudável e prazeroso saber que Deus é fiel ao seu amor. Quanta alegria sentimos quando o aluno é fiel, quando o paciente, o esportista, o motorista, o professor, o político, o religioso são fiéis. Mais ainda, o cônjuge fiel é o sustento da família, protetor do casamento, segurança dos filhos, benfeitor da sociedade, visibilidade do Deus fiel.
Somos rigorosos e exigentes com marca de fidelidade de tudo o que compramos. Exigimos os comprovantes de fidelidade. Criamos a fidelidade partidária. Sim isso é necessário e compreensível. Precisamos dar um passo ulterior, ou seja, criarmos a “cultura da fidelidade”, pois estamos escravizados pelo império da mentira. Vivemos mais de aparências que de transparência, coerência, inocência. A fidelidade é o remédio para a epidemia da corrupção e para o combate à falsidade. Viva a fidelidade.
Dom Orlando Brandes
Fonte: Arquidiocese de Londrina
O Espírito Santo é o verdadeiro “Espírito do Natal”!
Confesso que me incomoda bastante começar ouvir no nosso meio cristão e até receber cartões virtuais me desejando “um verdadeiro espírito do Natal”. Irmãos e irmãs, não sejamos ignorantes: O verdadeiro espírito do Natal é o Espírito Santo de Deus!
Quantas vezes oramos na liturgia com o profeta Isaías?
“Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor, encontra ele seu prazer” (11, 1-3).
O Espírito do Natal é o mesmo Espírito que recebemos no Santo Batismo. É sempre o Espírito a estar presente nas horas em que cristãos precisam nascer: “O vento sopra onde quer e ouves sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3, 8).
Natal existe também só por graça e obra do Espírito. Maria, lembra Santo Ambrósio, recebe o Espírito Santo antes de conceber; Isabel depois. Devemos ser gratos ao Espírito Santo pelo nascimento de Jesus! Por isto, Isabel diz a Maria: “Feliz és tu que acreditaste” (Lc 1,45). De fato, o Espírito Santo é Aquele que ao longo da história humana, e na vida de cada pessoa, “realiza maravilhas” (cf. Lc 1, 49).
No seu sermão de Natal, o grande Papa São Leão Magno (séc.V), pregava: “Toma consciência ó cristão da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno da tua condição (…) Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulse com más ações tão grande hóspede”. Vejam, porém, como também devemos ao Espírito a graça da santificação de nossas almas mediante a participação da natureza divina. Devemos a Ele a habitação de Deus em nós! É Ele que nos guarda na presença de Deus!
Não poderíamos retornar a Deus sem o Espírito! Por isto esta obra de retorno a Deus, que na Nova e Eterna Aliança começa exatamente na escolha da Virgem Maria e na Encarnação do Filho de Deus não poderiam ser desprovidas da Presença Poderosa e Atuante do Espírito! Glória ao Espírito Santo de Deus! Santo Irineu, já no século II, a este respeito afirmava: “Com efeito, o Espírito prepara o homem para o Filho de Deus, o Filho conduz o homem para o Pai e o Pai lhe dá imortalidade na vida eterna, que é fruto da contemplação de Deus”.
Recebamos o Espírito Santo como Ele quer se dar a nós! Não vivamos na ignorância em respeito ao Espírito. Não estamos mais em Éfeso. A Liturgia é o momento privilegiado de encontro com o Espírito Santo, e se um bom católico identificar o “Espírito natalino” com outro que não seja o próprio Espírito de Deus, estamos perdidos! Que frutos teremos do Natal? Que comunhão haveremos com o Espírito?
Sabemos que o homem carnal pensa as coisas carnais de modo carnal; mas nós somos, embora seres humanos, homens e mulheres espirituais, que não podemos comportar-nos como pagãos. Natal sem Cristo é tudo, menos Natal!
Em Dezembro de 1979, a primeira vez que São João Paulo II encontrava em audiência privada os dirigentes do Movimento Carismático, ele assim expressou-se: “A situação no mundo está muito perigosa. O materialismo se opõe à verdadeira dimensão do poder humano, todas as diferentes classes do materialismo. O materialismo é uma negação do espiritual, e é por isso que necessitamos da ação do Espírito Santo”!
Sim, irmãos, precisamos do Espírito Santo! Do mesmo Espírito que “provocou” o Natal de Jesus. O mesmo Espírito que envolveu Maria na sua conceição imaculada. O mesmo Espírito que deu entendimento e força a José! Precisamos do Espírito do Natal, do verdadeiro Espírito do Natal, o Espírito Santo que está presente na história humana, e oculto em cada coração humano (o Verdadeiro Amigo Oculto!).
Que Ele te ajude a entrar no mistério do Natal do Senhor. Estar com o Espírito Santo para viver na Presença do Menino Deus no Natal deste ano, seja o teu melhor presente. Unidos pela redescoberta do Espírito Santo no mistério natalino!
Vosso servo menor,
Pe. Eduardo Braga
Vice-postulador da causa de canonização da Beata Elena Guerra
BRILHAI COMO LUZEIROS NO MUNDO A
OSTENTAR A PALAVRA DA VIDA – FL 2,14-16
BRILHAI COMO LUZEIROS NO MUNDO A OSTENTAR A PALAVRA DA VIDA – Fl 2,14-16
Conteúdo da pregação feita por Rogério Santos durante o Congresso Nacional de Pregadores RCCBRASIL
A Carta aos Filipenses é uma das quatro Cartas escritas pelo apóstolo Paulo de dentro da prisão. (As outras 3 são: Efésios, Colossenses e Filemon).
O capítulo 2 de Filipenses aborda, de modo geral, o tema da obediência cristã. Depois de abordar a obediência de Cristo (vv. 5-11) – [Obediência até a morte, e morte de cruz. V.8] – o apóstolo Paulo fala na perícope seguinte (vv. 12-18) sobre a obediência que os cristãos de Filipos deveriam viver.
“Vós que sempre fostes obedientes” (v. 12), escreve o apóstolo aos filipenses, introduzindo assim o tema da obediência no contexto de sua exortação. “Obediência”, do grego îpakouein significa ouvir atentamente com o desejo de colocar em prática. Acredito que seja este o motivo pelo qual os pregadores do Brasil se reúnem aqui nestes dias: ouvir a voz de Deus, com o desejo de colocar em prática, seja na própria vida, seja em seu ministério.
Paulo exorta, porém, para que essa obediência não seja diminuída por ocasião de sua ausência: “não só como quando eu estava entre vós, mas muito mais agora na minha ausência”. (v. 12). Essa exortação é muito importante para nós, haja visto que muitos cristãos de hoje vivem uma “obediência de fachada”, somente agradar aos seus superiores mas que, no fundo, não estão dispostos a obedecer de boa vontade…
E por qual razão Paulo estava ausente? Porque ele encontrava-se preso.[1] E o mesmo apóstolo afirma que “é por causa de Cristo que estava preso” (cf. Fl 1,13).
Além da centralidade do tema da obediência, Paulo apresenta nessa Carta uma inquietação, muito cara, obviamente, ao seu ministério apostólico: o Progresso do Evangelho (cf. Fl 1,14-18).
Diante de sua inquietação e empenho de ver o Evangelho de Cristo se expandindo, Paulo detecta um sério problema entre os cristãos: há contendas internas na comunidade. E o mais preocupante para Paulo: aquelas contendas estavam relacionadas ao “ministério da pregação”. Uns pregam por inveja, outros por discórdia, e outros o fazem com a melhor boa vontade. (cf. Fl 1,15)
Parece que estamos aqui diante de um problema realmente muito sério nas comunidades carismáticas do cristianismo primitivo. A primeira Carta de Paulo aos Coríntios, talvez a comunidade mais carismática do Novo Testamento, traz também em seu início uma revelação similar a essa de Filipenses. Existe naquela comunidade um problema de divisão e contendas. Aquilo que a Bíblia Ave-Maria coloca como subtítulo “dissensão a respeito dos pregadores” se justifica pelos acontecimentos apresentados por Paulo:
Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer. Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. ICor 1,10-12
Essa mesma exortação poderia ser dirigida a nós, pois há entre nós algumas contendas em que alguns caem na tentação de dizer: eu sou de Beatriz, e eu de Lázaro, e eu de Dercides, deste ou daquele coordenador de pregação… Infelizmente, ainda nos detemos em escolher um “grupinho” para justificar nosso estilo de pregação…
No texto de Filipenses, por sua vez, Paulo certamente tem como pano de fundo em sua exortação, a dificuldade interna da comunidade, sobretudo, aquela que poderia leva-los à perder-se em seu papel evangelizador.
Façamos uma análise de Fl 2,14-16, para melhor entendermos tal preocupação:
Bíbli Ave Maria | Fazei todas as coisas sem murmurações nem críticas. (Fl 2,14) |
Bíblia de Jerusalém | Fazei tudo sem murmurações nem reclamações. |
Texto grego | dialogismw/n – O termo grego dialogismon (pensamentos, opiniões, raciocínios) é aplicado aqui em seu modo negativo = dúvida, disputa, contenda. Portanto, uma tradução que pode ser oferecida seria “Fazei tudo sem murmurações nemcontendas.” |
Notemos que é nesse contexto das contendas, objeto da preocupação de Paulo, que encontramos o nosso tema de hoje, afinal, o testemunho diante do mundo dependerá, inicialmente, de um testemunho de comunhão entre os cristãos pregadores.
14.Fazei todas as coisas sem murmurações nem críticas, 15.a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo, 16.a ostentar a palavra da vida. Fl 2,14-16
Se os cristãos filipenses estavam sendo exortados por Paulo, muito mais estamos nós hoje recebendo essa mesma exortação, pois também em nossos dias temos nos deparado com situações semelhantes àquelas. Quantas murmurações; quantas disputas; quanto tempo perdido…
Antes, porém, de tirarmos algumas conclusões a respeito desse tema, prossigamos analisando algumas palavras do texto bíblico, recorrendo, sempre que for necessário, ao original grego.
Irrepreensíveis: (amemptoi) = não-culpados, irreprováveis – Significa que os cristãos devem ter uma elevada integridade moral.
Inocentes: (akeraioi) = sem mistura, puro, sincero = alguém que vive com pureza de caráter intrínseco, vive para os outros e não para si mesmo.
- Irrepreensíveis e sinceros: natureza “interna”, ou seja, de coração e alma, e “externa”, com um testemunho autêntico.
Íntegros: (amoma) = sem defeito, sem culpa.
- Termo usado para indicar a ausência de qualquer defeito nos animais que deviam ser sacrificados em holocausto.
- Cristo é o “Cordeiro imaculado (amomu) e sem defeito algum.” (1Pd 1,19)
- Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela para apresenta-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e imaculada (amomos), irrepreensível. (cf. Ef 5,25-27)
De modo geral, fica explícito no texto a intensão paulina de que dos cristãos é exigido o mais alto grau de pureza, a fim de que possam ser oferecidos, com Cristo, como holocausto de amor à humanidade.
A exortação de Paulo também se manifesta em virtude da realidade em que vivemos: Estamos no meio de uma sociedade DEPRAVADA e MALICIOSA.
Depravada e maliciosa: (skolia, diestrammenos) = geração pervertida, sem escrúpulos, desonesta, injusta, distorcida, corrupta. Trata-se de um comportamentoexterno desonesto e pervertido, e os filipenses (e nós também, hoje!) não deveriam participar das práticas pagãs de imoralidade, uma vez que haviam renascidos em Cristo e vivem a vida nova no Espírito.
Estamos seguros de aquilo que recebemos de Deus foi verdadeiramente um batismo no Espírito Santo e estamos já inseridos no contexto da vida nova no Espírito. No entanto, ainda verifica-se entre nós a falsidade, aquela que se manifesta no fingimento de nossas relações humanas; a falta de escrúpulo, sobretudo nas mentiras descaradas que circulam em nosso meio; na corrupção, especialmente aquela em que pregadores tentam tirar proveito daquilo que não lhes pertence, isto é, o ministério que exercem; na duplicidade de vida, que leva pregadores a dar um falso testemunho, na incoerência entre aquilo que fala e como se vive em sociedade. Deus está nos chamando à uma vida irrepreensível e pura, ou seja, uma vida na santidade!
Brilhai como luzeiros no mundo, a ostentar a Palavra da Vida!
Chegamos agora ao tema central de nossa reflexão. Gostaria de apresentar o tema momentos, analisando o versículo em dois momentos, a fim de melhor compreendê-lo.
A) BRILHAI COMO LUZEIROS NO MUNDO
Luzeiros: O termo grego phoster significa “corpo luminoso”, geralmente usado para indicar as estrelas, ou até mesmo o sol. A Bíblia de Jerusalém traduz como “astros no mundo”. Porém, “astros” poderia permitir a interpretação de que podemos ser comparados à lua, um astro que não tem luz própria e que precisa receber a luz do sol para, por sua vez, também iluminar. Embora a Tradição tenha se servido dessa analogia para referir-se, por exemplo, a Maria, designando-a como aquela que recebe da Luz de Cristo, sol da Justiça, e que por sua vez pode refletir essa mesma luz sobre a humanidade, não parece ser esta a intenção do apóstolo Paulo nesse texto.
O termo phoster parece sugerir que o cristão não somente espalha ou reflete a luz,mas que objetivamente foi chamado a ser em Cristo uma fonte luminosa. Não seria exatamente isso que recebemos de Deus por ocasião de nosso batismo, a natureza da luz, aquela transfigurada pela paixão da Cruz do Senhor? Veja os textos seguintes:
- “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor, comportai-vos como verdadeiras luzes.” (Ef 5,8)
- “Vós sois luz a luz do mundo!” (Mt 5,14)
Podemos compreender daí que nossa natureza foi transfigurada em Cristo e que, por meio do batismo, nos tornamos LUZ NO MUNDO!
Brilhai como luzeiros no mundo!
No Sermão da Montanha, Jesus afirma: Vós sois a luz do mundo! [...] Não se acende uma luz para coloca-la debaixo do alqueire (pequeno móvel), mas para coloca-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos… Aqui está a vocação do ministério de pregação: brilhem a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus. (Mt 5,14-16)
Também o apóstolo Paulo escreve sobre isto nos seguintes termos:
Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. Mas tudo isto, ao ser reprovado torna-se manifesto pela luz. E tudo o que se manifesta deste modo torna-se luz. (Ef 5,8-14)
Pregadores do Brasil, o mundo está sendo paganizado. Cresce a iniquidade na sociedade. A obra das trevas está avançando… Não temos tempo para disputas, divergências, brigas, divisões… Não sejamos tolos. O inimigo está nos enganando, colocando-nos para discutir questões periféricas. Quanto tempo gasto discutindo qual é o modo correto de pregar? Qual o melhor e mais correto estilo de pregação? Temos que pregar alto ou baixo? Rápido ou pausadamente…?
Precisamos ter claro aquilo que é a questão principal para nós, pregadores: fomos chamados e estamos sendo exortados pelo Senhor, neste dia: SEJAM LUZEIROS NO MUNDO!
Mas que tipo de “astro” devemos ser no mundo?
Espero que você não seja no mundo comparado a algum desses “astros”:
- Meteoro: (Fragmentos de astros que atravessam a nossa atmosfera). Quando aparece todos falam dele, inclusive na imprensa; mas ele traz nenhum benefício à terra, não ilumina nada e logo desaparece;
- Cometa: (Astro rochoso de forma esférica coberto de poeiras e gases congelados. Descreve uma órbita excêntrica em relação aos outros planetas. Torna-se visível quando se aproxima da estrela, os gases congelados descongelam e o cometa fica com um aspecto de cauda cabeleira e núcleo [gotas brilham], quando se afasta da estrela fica com o aspecto de uma esfera de gelo suja.) Não é difícil verificar que há pregadores que se assemelham ao cometa: excêntricos, aproveitam-se da luz dos outros para brilhar ou aparecer, mas que são em seu interior frios, de coração congelado e se contentam apenas uma passagem rápida pela vida do Movimento.
- Estrela cadente: (São poeiras e gases provenientes de fragmentos de asteróides e de cometas que entram na nossa atmosfera e ardem.) Infelizmente, há pessoas que desejam “entrar na atmosfera” da RCC para prometer aquilo de que não são capazes de cumprir. Quando eu era criança e via uma estrela cadente, me diziam que eu poderia fazer um pedido naquele momento… Mas era tão rápida a passagem da estrela que não dava tempo nem de pensar no que pedir. A estrela desaparecia e eu ficava sem meu pedido… Parece-me que esse tipo de pregador “estrela cadente” também tem trazido este tipo de ilusão em nossos grupos de oração e eventos…
II A OSTENTAR A PALAVRA DA VIDA
Obs.: O termo “ostentar”, do latim ostentare = mostrar, exibir (ostentação)
Bíblia Ave Maria | “A ostentar a Palavra da vida” |
Bíblia de Jerusalém | “Mensageiros da Palavra de vida.” |
Texto Grego | Epechontes, epecho = manter alta, elevada (como uma tocha) a Palavra de vida, fixar a atenção, reter. |
O texto paulino, portanto, poderia sugerir, num primeiro momento, manter a Palavra elevada, no alto. Mas, seria suficiente traduzir epecho como elevação ou ostentação da Palavra, no sentido de torna-la visível aos outros?
Epecho também significa “fixar a atenção”, segurar com firmeza, ou seja, devemos fixar a nossa atenção na Palavra da vida. Nós, pregadores, mais do que oferecermos aos outros – como quem oferece um copo d’água a outro mas que não bebe desta mesma água – devemos, ao contrário, manter os olhos fixos nesta Palavra, “retendo-a” para nós, como fonte de vida e transformação permanente. Somente deste modo poderemos deixar reinflamar em nós a chama do Espírito, renovando nossa natureza luminosa, eliminando as trevas de nossa própria vida.
Por fim, a PALAVRA DA VIDA (logon zoes) deve ser compreendida como a Palavra de Deus, a única que pode oferecer vida verdadeira que, para além da vida biológica, é vida (zoes) plena e eterna. “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras de vida eterna!” (Jo 6,68)
Queridos irmãos e irmãs, pregadores e pregadoras da RCC Brasil, é chegada a hora de vivermos como luzeiros no mundo, retendo primeiro em nós mesmos a Palavra da Vida e oferecendo-a ao mundo, na coerência madura de quem deseja falar e viver a Verdade!
Rogério Soares
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